terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Capítulo 2 - coming back to life


"Vai se viciar, como eu me viciei."
"Eu quero ser como vocês, que não estão nem aí pra nada."
"Jennifer, não faz isso! Você não sabe o quanto é ruim."
"Não deve ser tanto, vocês sempre estão juntos, todo mundo paga pau pra vocês."
"Jennifer..." Me olhou sério depois de passar as mãos pelo rosto. "Isso não é pra você, é perigoso!"
"Não deve ser, Diego gosta de mim."
"Claro." Ele disse com ironia. "Ele só quer te comer, acorda, garota. Se você se entregar pra ele uma vez, não será a única vez, entendeu? Ele vai querer te possuir."
"Porquê todo esse cuidado?" Arqueei levemente uma sobrancelha.
"Porque..." Tentou pegar algo pra dizer. "Porque você é frágil."
"Eu não sou frágil, sou muito mais forte do que imagina."
"Ah, é?" Entortou um pouco os lábios, como se imaginasse algo.
Ele levantou e me pegou no colo, me jogando em seu ombro. Soquei suas costas pra que me soltasse, mas isso não parecia abalá-lo no caminho pro rio ali em frente.
"Não me joga no rio, eu vou te matar se me molhar!"
"Eu adoraria ver o que faria pra me matar." Por seu tom de voz, sabia que estava sorrindo.
"Me solta, Zack!"
Ele me colocou no chão, seu rosto ficou quase colado ao meu, com certeza foi sem querer, mas me senti atraída por seus olhos fixos nos meus. Pude ver o desconforto dele, mas um sorriso tímido estampou seus lábios.
"Não ia te jogar, patricinha desse jeito ia odiar ficar molhada."
"Eu não sou patricinha!"
"É sim, loirinha, toda maquiada, roupa de marca."
"Só por isso sou patricinha? Ah, por favor."
"Me prove o contrário então."
"Vou provar, você vai ver."
"Vou esperar sentado." Seu tom pareceu desafiador. "Agora me faz um favor?"
"O que?"
"Não se mete com os caras, volta pra sua vida, ok?"
"Mas eu não quero, eu quero fazer parte."
Zack segurou meu pulso, sem apertar muito, mas o suficiente pra eu saber que ele estava falando sério comigo. "Não quer, você não quer."
"Você não deveria se importar com isso, sabia?"
"E você deveria agradecer quem se importa." Me soltou bruscamente e se afastou alguns passos pra trás. "Vai lá, se torna uma viciada! Você vai ser vista com outros olhos sim, mas vão te ver com pena ou até nojo, é frustrante isso, sabia?" Seus olhos traziam raiva e seus lábios estavam levemente cerrados. "Você não quer isso, é apenas mais uma mimada querendo diversão, mas essa não é a que procura. Quer usar drogas? Vai pra uma rave ou pra qualquer esquina que venda e pronto, estará satisfeita."
"Talvez eu vá pra qualquer esquina mesmo e compre drogas."
"Nossa, que rebelde."
Estava pensando em algo pra dizer, mas meu celular vibrou, fazendo eu me desligar e olhar pro visor, Jake estava me ligando. Disse que estava bem e logo voltaria pra casa, ele continuou a perguntar onde estava, mas nem eu sabia onde era, então desliguei.
"Quer decepcionar seu irmão? Sua família?"
"Você nem me conhece." Neguei com a cabeça.
"Sei o suficiente sobre você, todos sabem."
"Se sabe o que "todos sabem", não sabe nada, eu sou muito mais do se diz pelos corredores do colégio. Saber o que "todos sabem", não faz com que me conheça."
"Mas eu quero conhecer." Suspirou.
Minha cabeça girou ao ouvir isso, literalmente, olhei pra ele, tentando desvendar algo em seus lindos olhos, mas eles estavam indecifráveis ao meu entender. Zack parecia ser uma pessoa durona, mas no fundo devia ser manteiga derretida, era o que parecia nesse momento. Eu queria beijá-lo, queria mesmo, mas não sei se era uma boa hora, ele me acharia uma vadia que se joga pra qualquer um. E eu não queria que achasse isso.
"Bom..." Levantei as mãos como se fosse dizer algo, mas eu não tinha o que dizer. Ele percebeu isso.
Uma de suas mãos foi pra minha nuca, me puxando pra perto, seu polegar fazia movimentos circulares em minha bochecha. Ele estava tão perto, sentia sua respiração junta a minha, nossos olhares se encontraram tentando decifrar um ao outro. Queria seus lábios nos meus, ele parecia me corresponder, mas quando estávamos à centímetros um do outro, Zack me largou, se afastando. Confesso que fiquei confusa, ele simplesmente se afasta do nada... Isso não é bom sinal, não mesmo.
"Eu não posso te beijar." Ele negou com a cabeça, respondendo minha pergunta antes mesmo de ela ser feita. "Atração não basta, não quero que se ligue a mim também."
"Porque? Porque se esquiva?"
"Eu não posso te amar, sou incapaz de amar alguém, Jennifer."
"É claro que você é capaz, dá pra ver nos seus olhos."
"Não do seu jeito." Sentou com o olhar fixo no chão.
"Qual seria o meu jeito?" Parei à sua frente.
"Meigo, um amor pra vida toda, sincero, com um cara que estivesse do teu lado sem que nada o impedisse, sem que ninguém impedisse... Você não terá isso comigo, eu sei que não."
"Como pode ter tanta certeza?" Me abaixei à sua frente, apoiando meus braços em seus joelhos. "Comecei a prestar atenção em você depois de ter me "salvado", não acho que seja tão ruim quanto pensa."
Ele levantou o olhar, me fitando. "É hipocrisia sua achar isso."
"Não acho que seja."
"Talvez você só seja um pouco ingênua pra perceber." Sorriu de lado, sem vontade alguma. "Teu coração é bom, garota, não estraga ele."
Tudo o que ele estava dizendo batia um peso na minha consciência, não conseguia esconder que estava incomodada... Queria conhecer mais sobre ele, queria muito saber, me restava ser amiga dele.
"Nós podemos ser amigos?"
-
Desse dia em diante, ficamos amigos, sim só amigos. Ainda estava disposta a mudar minha vida, estava frequentando mais o apartamento do Diego, já tinha conhecido alguns outros caras, mas não sabia o nome de nenhum deles. Zack não aprovava que eu estivesse indo lá e ficava ao meu lado quase toda hora, exceto quando Diego dava um passa fora nele. Me sentia tão bem ao lado do Zack, brigávamos constantemente, mas bastavam alguns minutos pra nos olharmos e sorrirmos um pro outro.
- 12 de julho de 2012 -
Estava sozinha no apartamento quando Diego chegou trazendo consigo uma mochila.
"Oi." Disse.
"Jenn, que surpresa."
Sorri. "Já não te disse que quero estar aqui, então..."
"Quer mesmo entrar?" Deixou a mochila no sofá e sentou de frente pra mim.
"Quero."
"Sabe o que significa? Te disse que uma vez dentro, sempre dentro, lembra?"
"Lembro." Assenti, sem me importar muito com o que ele dizia.
"Estou falando sério."
"E eu também." O encarei, séria.
-
Se eu tivesse uma mínima noção da merda que estava fazendo, não teria nem pisado lá naquele dia. Que droga eu tinha na cabeça? Eu era uma trouxa mesmo. Tentei impressionar o Zack, mostrando que eu podia fazer o que eu quisesse, mas o máximo que ganhei foi um esporro com direito a gritos e batida de porta. Sim, foi ridícula e imatura minha decisão e, até hoje, ela custa a minha vida.
{...} Não sei por quanto tempo eu dormi, ou fiquei desmaiada, mas ao acordar estava num hospital, tinha uma cânula no meu nariz e vários fios por meu corpo, além de um balão de soro na minha veia. Rodei o quarto pequeno e sem graça com os olhos, estava sozinha ali. Nenhum enfermeiro, nem meu irmão, nenhum dos meus amigos e, muito menos, meus pais... Sim, eu esperava que alguém tivesse se preocupado em passar a noite comigo, já que estava escuro lá fora eu deduzi ser noite. Realmente esperava que quando eu acordasse no hospital um dia, alguém estaria do meu lado, segurando minha mão e dizendo que eu ficaria bem. Pensei em arrancar todos os fios do meu corpo e sair dali andando, mas assim que me mexi, uma dor insuportável tomou meu corpo, principalmente uma de minhas pernas, então desisti e me aquietei. Ao lado da cama tinha um botão vermelho, não pensei duas vezes e o apertei, precisava ver alguém. Uma enfermeira entrou a todo o vapor no quarto, abri um sorriso ao vê-la.
"Oi... Desculpa se eu te assustei, só precisava ver alguém."
"Não foi nada." Ela sorriu também, aparentava ter uns dois ou três anos a mais que eu, não mais do que isso. "Que bom que acordou, como se sente?"
"Esse negócio no meu nariz está me incomodando."
"Podemos tirá-lo, mas se sentir falta de ar, chame imediatamente." O desligou do balão de oxigênio e tirou do meu nariz, colocando no suporte. "Está com dores?"
"Minhas pernas."
"É normal, o impacto foi muito forte."
"O que aconteceu?"
"Não se lembra?"
Fiz um esforço, tentando me lembrar de algo, mas nada me vinha. "Não, de nada."
"Me parece que um carro entrou na contra-mão, você estava em alta velocidade e voou longe."
"Oh..." Fechei os olhos por um breve momento. "Alguém esteve aqui comigo?"
"Dois garotos tem revezado e vi uma garota várias vezes aqui."
"Tem muito tempo?"
"Uma semana e meia, quase duas, você esteve em coma moderado por alguns dias pela batida que sofreu na cabeça."
"Jenn? Você acordou?" Uma voz familiar perguntou em quase um grito.
Olhei pra porta e lá estava Harry com um café em mãos, abri um enorme sorriso ao vê-lo ali.
"Bom, eu vou deixá-los sozinhos, qualquer coisa é só chamar."
"Ok, muito obrigada."
A enfermeira saiu e Harry se aproximou da cama, seus olhos cintilavam junto com seu sorriso. Ele sentou ao meu lado e deslizou os dedos por meu cabelo.
"Achei que estava sozinha nessa."
"Não, não está. Eu nunca te deixaria, você sabe muito bem disso."
"Obrigada, baby." Sorri. "Sabe que eu te amo, não sabe?"
"Sei, eu também te amo. Fiquei com um puta medo de te perder quando me disseram que estava em coma." Acariciou minha bochecha com a costa da mão.
"Que horas são? Estou com fome."
"Exatamente, 1h. Que novidade estar com fome, né?"
"Fala sério, eu fiquei quase duas semanas com soro na veia, não posso estar com fome?"
"Desculpa." Riu. "Quer um pouco de café?" Mostrou seu copo.
"Não, pode beber, não sei nem se eu posso beber café."
"Quer que eu busque algo?"
"Fica de boa, baby, eu estou bem."
"Mesmo?" Arqueou as sobrancelhas do jeito fofo que ele fazia quando estava preocupado comigo.
"Mesmo, pode dormir, já está tarde."
"Agora que você acordou, eu não vou dormir mesmo."
"Harry Hudson, dorme, não quero ter que ficar olhando pra alguém com olheiras."

Harry riu e foi pra poltrona no canto do quarto, depois de acabar seu café ele tentou se ajeitar, mas qualquer posição parecia desconfortável pra ele.
"Boa noite, Jenn." Ele disse depois de finalmente parecer encontrar uma.
"Boa noite, baby."
Até que a cama do hospital era confortável, o que me incomodava eram os fios que me impediam movimento e minha perna que ainda doía. Eu parecia acordar de meia em meia hora com meu estômago roncando alto e se apertando dentro de mim, como alguém dorme morrendo de fome? Isso estava me matando e, se eu não matasse a fome, ela iria me matar. Por outro lado, sabia que se eu tocasse a campainha pra chamar alguém, não iam me dar comida por o hospital ter seus horários e blábláblá. Em meio a ficar pensando em como eu estava com fome, acabei caindo no sono tão rápido que, se eu estivesse tentando isso, não conseguiria.
"Bom dia, senhorita." Uma enfermeira, já de um pouco mais de idade que a do dia anterior, me cutucou com um sorriso no rosto. "Trouxe seu café, é bom se alimentar."
Tentei me espreguiçar e sorri pra ela. "Obrigada, estou morta de fome!"
"Imagino que esteja. Prefere seu sanduíche do que?" Apontou pra um carrinho.
Optei por um de peito de peru, a bandeja foi colocada no suporte da cama, me ajeitei e bebi um gole do suco de laranja à minha frente.
"Qualquer coisa chame." Ela disse antes de sair pela porta.
"Pode deixar."
Devorei tudo o que estava na bandeja em questão de poucos minutos. Seria indelicado pedir algo a mais, então resolvi esperar até que viessem com a próxima refeição, no caso o almoço. Harry veio pro meu lado assim que eu acabei.
"Melhor?"
"Bem melhor." Ri. "Meu estômago estava quase virando um buraco negro que engoliria todos meus órgãos."
"Dramática desde sempre."
Dei língua pra ele. "Quando eu vou vazar daqui?"
"Não faço ideia, anjo, ainda sente dor?"
"Um pouco nas pernas."
"E em outros lugares?"
"Outros lugares não, a cabeça dói só um pouquinho."
"Pelo pouco que eu entendo, vai ter que fazer uns exames antes."
"Odeio exames." Fiz uma careta.
"Eu sei." Riu de leve. "Mas é necessário, quando Jake chegar eu vou falar com alguém."
"Pode ir agora, não me importo de ficar sozinha por uns minutos."
"Vai ficar bem?"
"Vou sim."
Ele beijou minha cabeça e saiu do quarto. Antes mesmo do meu irmão chegar, ele voltou e confirmou o que havia dito antes, pela tarde, eu teria que fazer alguns exames, os mesmos diriam se eu teria alta ou não. Jake se impressionou ao me ver acordada e começou a falar seguidamente sobre vários assuntos. Primeiro veio a briga por "eu ter provocado o acidente", depois se lamentou por eu ter entrado em coma e quase ter me perdido e depois foi a vez de contar as poucas novidades. Nenhuma relevante ou que me fizesse querer estar fora do hospital pra ter visto.
"Agora toma muito cuidado pra não sair com essa droga de moto de novo."
"Minha moto está bem?" Arregalei os olhos.
"Um pouco amassada." Harry disse. "Nada que uma restauração não cubra."
"Que bom, eu pagaria bastante pra tê-la igualzinha."
"Que merda, desapega dessa porra que ele deixou pra você, só te faz mal, retardada."
"Cala a boca, Jake."
"Estou falando sério contigo."
"Eu também, quero que cale a boca."
"Não vão começar a discussão básica aqui no hospital, não é?" Harry arqueou um pouco as sobrancelhas.
"Não." Jake disse antes que eu pudesse responder.
"Harry, me empresta seu celular? Ou o meu, se ele estiver aqui."
Ele tirou seu celular do bolso e me entregou. Depois do Jake falar que Hailey estava super preocupada, tinha que ligar pra ela. Chamou umas quatro vezes, até ela atender.
-
"Harry? O que aconteceu? Minha amiga está bem?"
"Oi pra você também, Hay."
"JENNIFER? Que tipo de maluca é você que quase me matou do coração?" Sua voz estava no tom brincalhão, mas sem perder a fofura.
"Me desculpa, tá? Não foi a intenção, o carro que estava errado."
"Eu fiquei tão preocupada, com tanto medo, você nem imagina."
"Não chora, vou acabar chorando também." Disse com uma voz pouca coisa embargada.
"Não, não chora." Fungou. "Vou vestir alguma coisa e vou pro hospital."
"Não precisa, amiga, talvez eu saia daqui hoje."
"Claro que precisa, quero te ver."
"Ok, vem, vou estar esperando."
"Já chego aí, beijo."
"Beijo."
-
Hailey não conseguiu chegar antes que me mandassem pros exames, estava extremamente nervosa, queria que tudo desse certo, mas não sabia se podia esperar que desse. O que mais me incomodou foi ser levada por uma cadeira de rodas, ainda mais por eu não conseguir colocar o pé no chão, a dor era insuportável. Fiz uma bateria de exames, checapes completos, diversos exames de sangue e um daqueles que você entra naquela máquina. De todos, aquele foi o pior.  Novamente sentei na cadeira de rodas e me levaram até o quarto.
"Não quero deitar ainda, pode me deixar aqui."
"Temos que ligar os aparelhos, senhorita."
"Não preciso, estou muito bem."
"Não complique, por favor."
"5 minutos apenas, pode ser? Que droga, estou cansada de ficar deitada."
"Cuidamos dela, só 5 minutos."
"5 e nem um minuto a mais, estarei esperando do lado de fora."
Revirei os olhos assim que a enfermeira saiu.
"Olha pra você!" Hailey levou as mãos à boca, sem mover um passo pra frente ou pra trás, seus olhos transbordavam.
"Eu sei, estou horrível..."
"Não! Você está viva!" Me abraçou com toda força do mundo, quase me esmagando.
"Achou o que?" Ri. "Que estava falando com alma penada no telefone?"
"Na verdade, achei que estava sonhando."
"Não estava, estou aqui vivinha."
Novamente ela me abraçou, Harry e Jake conversavam algo no canto do quarto, pensando que eu não iria prestar atenção, se fosse pra esconder algo conversassem do lado de fora. A enfermeira voltou, creio que cinco minutos depois mesmo, e me ajudou a ir pra cama, a dor ainda era insuportável, tive que me controlar pra não choramingar. Uma outra enfermeira trouxe um copinho branco com alguns comprimidos dentro, três médios e um pequeno e um outro copo com água, tomei os comprimidos e me ajeitei na cama. Harry teve que ir pra casa, ele disse que precisava de um banho, Hailey iria começar hoje a trabalhar numa loja de roupas meio famosa por aqui e não podia se atrasar. Ficamos apenas eu e meu irmão, que sorria quando o olhar cruzava o meu, mas não era um sorriso tipo que-bom-que-está-aqui, estava mais pra estou-escondendo-algo-de-você.
"Tá legal... Fala logo." Encarei ele.
"Falar o que?"
"O que estava falando com o Harry que, supostamente, eu não podia ouvir."
"Estava dizendo pra ele ir pra casa, apenas isso."
"Não era só isso, me fala ou vai ser pior quando eu descobrir."
"Não tenho nada pra te falar, larga de besteira."
"Fala, Thrupp."
"Diego." Suspirou.
"O que tem ele?"
"Esteve passando lá em casa a maioria desses dias, não pode deixar que isso continue, assim que se recuperar, mande ele parar com isso ou vai rolar briga, como já teve antes."
Suspirei, lembrando da briga que já havia rolado entre eles, estava de sob aviso, Jake não podia mais se meter com eles, com nenhum deles. "Vou falar com ele. Alguém esteve aqui?"
"Não exatamente."
"Como assim?"
"Quem esteve não subiu, só deixei autorização pra mim, Harry e Hailey."
"A Jullie veio, não veio?" Saquei antes mesmo de ele cogitar entrar no assunto, mesmo eu sabendo que ele não o faria.
"Como eu disse, a autorização não foi pra mais ninguém."
"Não acredito que proibiu minha amiga de me ver! Eu pago o pato pelo término de vocês? Ah, vai tomar no cu, Jake."
"Você sabe muito bem que não é isso, então fica na sua de boa."
"Sai daqui, está me estressando."
"Você é chata, mano."
"Sou sua irmã." Sorri irônica.
"Além de chata, é besta."

Ficamos discutindo, como sempre, até o médico vir pro meu quarto com uma prancheta na mão.
"Bom dia, quase boa tarde, senhorita Thrupp."
"Bom dia."
"Como se sente?"
"Quero ir pra casa."
"Os resultados dos exames saem essa tarde."
"Acha que está tudo bem?" Jake perguntou.
"Eu não posso falar nada agora, só depois dos exames." Checou o medidor de batimentos e anotou na ficha. "Quais suas dores?"
"Nas pernas, está doendo pra caralho."
"Isso não é bom, mas é um tanto quanto normal, a pancada foi muito forte. Pode descer pra fazer fisioterapia pra melhorar."
"Fisioterapia? Não estou aleijada."
"Sei que não está, mas vai amenizar."
"Jennifer, seja educada."
"Você não manda em mim."
O médico riu, me senti besta com isso, mas deixei passar. Queria ver os resultados dos exames logo, queria sair daqui, queria muito. Desci pra fisioterapia depois de uns 10 minutos, aqueles equipamentos me davam medo, parecia que eu não conseguia mais andar... Mas conforme fui exercitando minhas pernas, a dor foi sendo conformada e aceitada por meu corpo, ainda doía bastante, porém já estava suportável. Depois do almoço pensei que viria minha resposta, mas as horas foram se passando e nada...
"Jake, quero ir embora, já estou bem."
"Não é você quem decide isso."
"Mas eu sei que estou bem! Olha pra mim, não falta nenhum pedaço."
"Claro que falta, no seu cérebro falta um pedaço."
"Não volta no assunto." Pensei em algo pra mudar de assunto. "Nossos pais sabem do acidente?"
"Eu ligue pra avisar."
"E nenhum deles mexeu uma palha, já sabia..."
"Eles estão preocupados com você."
"Claro que não! Se estivem mesmo, estariam aqui. Que pais deixam seus filhos no hospital e não ficam esperando por notícias?" Meus olhos se encheram de lágrimas, mesmo contra minha vontade, tratei de olhar pra cima pra que não caísse no choro.
"Jenn, você sabe que é difícil pra eles." Segurou minha mão. "Mas eles te amam, estão torcendo por você, rezando toda hora..."
"Eles desistiram de mim, não me querem por perto, essa é a única verdade."
"Não! Eles são seus pais, não importa o que aconteça. Pais não desistem."
"Já me conformei." Funguei pra impedir as lágrimas. "Mas obrigada."
"Eu amo você, mesmo assim toda errada." Sorriu e beijou minha testa.
"Amo você." Sorri também.
Fui pra casa apenas no outro dia lá pelas 10h, mas ainda teria que vir fazer alguns exames. Jake dirigiu até em casa e me acompanhou até meu quarto.
"Vou preparar algo pra você comer."
"Quero comida chinesa."
"Menos trabalho pra mim." Riu pelo nariz. "Vou pedir."
"Onde está meu celular?"
Ele abriu a gaveta da cômoda e me entregou, saindo do quarto depois, liguei-o, pelo menos tinham colocado pra carregar, pensei comigo. Deslizei pela agenda até chegar no número da Jullie, nem chamou, foi logo pra caixa postal, liguei mais duas vezes e deu na mesma coisa, então desisti. Abri minha caixa de mensagens e várias mensagens do Harry e da Hailey a tomavam, tudo com coisas do tipo "quando você ler isso, saiba que estava rezando por você no momento" ou "queria que estivesse aqui", eles eram os melhores amigos que alguém podia ter, mesmo eu às vezes pedindo pra que parassem com a melação, eles sabiam que eu gostava de ser tratada assim e não me ouviam. Eles eram os únicos amigos da escola que tinham me sobrado, fora a Stella, irmã da Hailey, mas ela não era muito confiável, tínhamos brigado muito antes de virarmos "amigas". A única parte boa da minha vida agora era saber que eu podia contar com eles e com meu irmão pra o que quer que fosse e independentemente do que acontecesse.

Jake trouxe a comida pro quarto assim que chegou e sentou ao meu lado na cama pra comermos juntos, conversamos um pouco, mas não muito, já que minha cabeça estava doendo um pouco.
"Vou te deixar descansar." Recolheu os pratos. "Qualquer coisa me chama, vou estar lá embaixo." Beijou minha testa.
"Pode ir fazer suas coisas, eu estou bem." Sorri.
"Não vou te deixar sozinha, nem que não queira que eu fique aqui."
Não chegava ao fim daquela tarde quando meu celular deu sinal de vida, infelizmente com o nome do Diego aparecendo na tela.
-
"Alô?"
"Fiquei sabendo que está em casa, como a princesinha se sente?"
"Como ficou sabendo? Estava me espionando por acaso?"
"Tenho informantes, você sabe bem disso."
"Ah, e não tinha necessidade de ficar passando na minha casa, eu já te pedi pra que não faça isso."
"Não queria que me enrolasse."
"Não estou te enrolando, estou deitada na minha cama com uma puta dor nas pernas, eu vou ficar de repouso até eu achar necessário, antes que diga algo."
"Não vou dizer o contrário, fique em casa até se sentir melhor."
"Não passe aqui, por favor, já te disse que meu irmão não gosta, se quiser saber de mim, me liga."
"Tudo bem, eu ligo."
"Obrigada, agora eu vou descansar um pouco esses remédios dão muito sono."
"Melhoras, Jennifer."
-
Fiquei raciocinando por alguns segundos em se eu tinha falado com o Diego certo, estava muito simpático pra ser ele mesmo... Mas era apenas um momento raro que ocorria de dois em dois meses, talvez mais tempo até. Pelo menos tinha conseguido meus dias em casa, nem a pau eu sairia dessa cama pra rua nesse estado, a dor ainda não tinha amenizado e eu teria de ir pro hospital três vezes por semana pra fisioterapia. Jake passou o dia vindo de meia em meia hora pra ver se eu estava bem ou se precisava de alguma coisa.
"Amanhã você vai trabalhar, nada de ficar perdendo dia de trabalho pra cuidar de mim." Disse na ultima vez que ele entrou.
"Não pode ficar aqui sozinha."
"Posso ficar com o Harry, ele não faz nada da vida, só vai pra faculdade de noite."
"Vou falar com ele depois, se ele não aceitar, eu falo com meu chefe e tudo mais, ele me deixou ficar nesses dias só meio período na loja sem descontar."
"Harry vai aceitar, nos divertimos juntos."
"Ah, e comigo não se diverte?" Arqueou as sobrancelhas.
"Você entendeu, besta." Dei língua pra ele. "Que dias vai ser a fisioterapia?"
"Segunda, quarta e sexta, tá bom pra você?"
"Sim, tem hora?"
"Das 09h30 ao 12h."
"Tudo isso? Sério, eu não estou sem movimentos, não precisa de tanto."
"Precisa do suficiente pra você ficar inteira logo."
"Que eu saiba, eu estou inteira como sempre estive."

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oioioi, eai pessoal, já deu pra entender mais ou menos? O que vocês estão achando? Acharam o Zack fofo, não é? hahahha O que acham que vai rolar ou o que acham que já rolou no passado? NÃO ESQUEÇAM DE COMENTAR, POR FAVOR, É REALMENTE MUITO IMPORTANTE PRA MIM, GOSTO MUITO DE INTERAGIR COM MINHAS LEITORAS E TAL! DEIXEM OS USERS DE VOCÊS PRA QUE EU POSSA AVISAR DOS NOVOS CAPÍTULOS OU, SE TIVEREM VERGONHA DE SE IDENTIFICAREM, PODEM DEIXAR UM SIMPLES "CONTINUA" EM ANÔNIMO, ACREDITEM, JÁ VAI ME DEIXAR FELIZ PAKSPKAPKAPSK ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDO, COMENTEEEM! BJÃO <3

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Capítulo 1

Jennifer Ann Thrupp já havia sido melhor, pensei comigo mesma enquanto estava deitada no chão e uma multidão me cercava. Estava confusa e um pouco atordoada, assim minha cabeça começou a passar um filme da minha vida, era como naquelas cenas de filme, até cheguei a pensar que estava partindo dessa pra uma melhor. Pela fenda que meus olhos abriram, consegui ver Jake ao meu lado, ele segurava uma de minhas mãos e dizia algo que eu não conseguia entender. Em questão de poucos segundos tudo se apagou, agora éramos apenas eu e minha mente, que insistia em me fazer lembrar da minha vida antes disso tudo, ela era tão boa e eu não sabia disso.

- 19 de maio de 2012 -
Em mais um dia de aula estava cercada por outras mimadas, tais como eu era. Elas adoravam seguir meus passos e eu era alguém naquela escola, sempre tinha alguém querendo fazer algo pra mim, mas eu não queria isso, queria diversão e agitação, queria os bad-boys mais desejados e temidos desse colégio, até então eles não tinham contato algum comigo, a não ser quando me encaravam pelos corredores. Hoje parecia ser meu dia de sorte.
"Ei, gata, chega aqui." 
Hailey me olhou meio surpresa e me deu um empurrãozinho como incentivo. Fui até o Diego e parei à sua frente.
"O que foi?"
"Tô ligado que você curte umas festinhas, vou dar uma no sábado, cola lá se quiser." Piscou.
"Só passar o endereço." Sorri e entreguei meu celular no bloco de notas.
Ele anotou e me entregou de volta, seguindo caminho na direção do pátio em seguida. Bem, hoje já era quinta, apenas mais dois dias pra sábado. Ainda era uma garota muito sonhadora, 16 anos é uma idade boa pra se sonhar. Com todos os pensamentos centrados na tal festa não conseguia me concentrar muito nas aulas de quinta e sexta, isso fez com que os dias passassem voando.
"Amiga, o que eu visto?" Perguntei olhando minhas roupas no armário.
"Uma roupa provocante."
"Está louca? Não quero que pensem que eu sou uma vadia."
"Alô, ele quer uma vadia."
"Então eu não sou o que ele procura."
"Vai perder essa chance? É o Diego! E se não for ele, ainda tem os outros, Gabriel, Joseph, Zachary, Jones, Victor..." 
"Eu ainda tenho dignidade." Ri de leve. “E como sabe o nome de todos?”

Ela deu ombros, rindo comigo. 

Acabei optando por um short branco com um cinto fino dourado, uma blusa soltinha preta com "love" em dourado e uma sandália de salto preta. Dei uns retoques no cabelo e no make e estava pronta. Jake quis me levar até lá por segurança, mal sabia ele que esse seria o dia em que tudo mudaria...
"Achei que minha convidada não viria." Diego beijou meu rosto assim que entrei.

Abri um sorrisinho. “Se não fosse vir, teria te avisado.”

Ele me puxou pra dentro da casa e me entregou um copo com bebida. Na sala estavam cinco caras e quatro meninas bebendo, menos gente do que eu imaginava.
"Olha, mais uma pra festinha." Um deles apontou enquanto bebia um enorme gole de sua bebida.
Um misto de medo e curiosidade percorreu meu corpo, não sabia se queria sair dali ou aproveitar, pela primeira vez eu estava "no meio do perigo", bebidas, uma house party, cigarros e caras gatos com caras de perigosos. 
"Quem é essa?" Um outro se aproximou.
"Jenn, uma garota da escola."
"Pro Diego trazer, deve ser 'amiga'." Disse num tom de malicia e me analisou de cima a baixo. "Quanto?"
"Mais respeito com a menina, chapa." Diego disse passando um braço por minha cintura.
"Respeito com prostituta?" Indagou com os olhos levemente arregalados.
"Prostituta? Está louco?" Alterei meu tom de voz. "Eu não sou prostituta, Diego apenas me convidou."
"Baixa o tom!"
"Opa, opa, opa! Parou, Gabriel." O encarou.
"Ih, já vai começar a defender? Será que está apaixonadinho pela mina?" Disse com sarcasmo.
"Dá pra tu calar a boca?" Levantou um pouco a camiseta, revelando uma arma.
Uma ponta de medo me ocorreu, essa house party não era uma boa e talvez não desse certo, o tal garoto que estava discutindo comigo anteriormente, levantou os braços e andou até a mesa de bebidas pra pegar um novo copo. Diego me levou até um canto da casa e ficou de frente pra mim, bebi um gole da bebida pra não demonstrar timidez, o que não adiantou muito.
"Que timidez, Jenn." Levantou meu queixo com o dedo indicador.
"Bom, eu não estou acostumada com festas assim."
"É só uma reunião, gata." Passou o braço por minha cintura novamente, aproximando os lábios do meu pescoço.
A excitação pelo perigo e o medo por ele ser um gangster traziam ainda mais vontade de saber onde isso iria parar, não que eu quisesse perder a virgindade com ele, mas era uma sensação totalmente nova. Garotas diversas eram loucas por ele e eu estava aqui, até eu sentia uma grande atração por ele, moreno claro, cabelos pretos, olhos verdes e bombado... Uma perdição. Seus lábios foram de encontro aos meus e um beijo meio voraz se iniciou, suas pesadas mãos percorreram meu corpo até a altura de minhas coxas, onde ele deu um apertão com os polegares. 
"Diego?" Alguém pigarreou atrás de nós.
"Mas que porra, o que é?" Se virou na direção do garoto, que trazia uma loira consigo.
"Os quartos estão liberados?"
"Desde quando tu pede permissão, Joseph?"
"Desde..."
Interrompeu. "Sobe logo e não me interrompe mais."
Os dois subiram, Diego era uma espécie de chefe deles e, era nítido o medo dos outros. Ele ia voltar a me beijar, mas o clima foi quebrado por uma ruiva que veio falar com ele, mas foi tratada como uma prostituta qualquer, ele havia sido muito baixo e frio com ela, percebeu que ela não tinha gostado e continuou.    
-
A partir daí minha vida tinha mudado, uma simples festinha que deu início a bebidas, drogas e a uma nova vida. Porquê foi tão burra, Jenn? Porquê? Ouvia vozes, mas não conseguia distinguir o que falavam, era um tanto quanto estranho, não sabia o que estava acontecendo e não me lembrava de nada. Não era uma sensação boa, meus olhos não obedeciam meus comandos e continuavam fechados e eu lutava contra mim mesma pra abri-los, não dava resultado algum, mas eu estava tentando. Eu não queria morrer, não agora, ou talvez eu quisesse pra me livrar logo disso tudo, mas morrer não era uma solução cabível para a situação... Por outro lado, Zack já tinha ido e eu ainda queria um felizes para sempre com ele. Não, Jenn! Está viajando, como vai ser feliz morta? Realmente não era uma boa, eu ainda tinha uma vida pela frente, uma vida torta, mas a minha vida. 
- 5 de junho de 2012 - 
"Qual é, garoto?" Disse depois de um dos garotos se esbarrar em mim enquanto eu estava parada no corredor com o celular em mãos, pelo meu ver de propósito.
"Qual é o que, velho? Ninguém pode tocar em você, garota de vidro?"
"Praticamente me empurrou."
"Você nunca foi empurrada?"
"Faz muito tempo que não!"
"Então tu vai aprender que aqui é assim, patricinha." Me empurrou contra a parede bruscamente.
Fiz uma careta ao bater minhas costas e o encarei. "Quem pensa que é?" Andei atrás dele. "Não te ensinaram o conceito de cavalheirismo, seu animal?"
"Garota, para de falar."
"Porquê quer que eu pare? Não sabe o que responder?"
"Não vou te dar trela, vai falar com o Diego porque ele está querendo te foder." Ele disse enquanto se jogava no sofá.
"Não quero ser fodida, só quero diversão aqui."
"Diversão pra ele é isso." Deu ombros. "Na verdade pra todos."
"Você não parece ser assim."
"Você não me conhece."
"Então me fale sobre você." Sentei ao lado dele.
"Larga de ser chata, velho." Passou as mãos no rosto.
"Ok, vou ficar quieta."
"Jenn, chega aqui." Diego disse vindo do quarto.
"Pra que, Di?"
"Quero te mostrar uma coisinha."
"Pode mostrar."
"No quarto, só nós." Pegou em meu braço, me puxando pra levantar.
"Não quero."
"Vem logo, caralho!" Me puxou com mais força.
O que eu menos queria agora era transar com alguém que eu não conhecia direito, seria minha virgindade em vão. Não que eu fosse uma santa, já tinha chegado em carícias e tudo mais antes dos 15, mas nada mais profundo e não era desse jeito que queria deixar de lado minha sanidade. Diego me puxou pra dentro do quarto e me jogou na cama com força, vindo por cima de mim logo depois. Um calafrio percorreu minha espinha, me deixando com um pouco de medo, os lábios dele correram por meu pescoço, dando dois chupões com força um de cada lado. Apertei minhas mãos contra seu peito, o empurrando pra longe, mas foi em vão.
"Agora vai entrar oficialmente."
"Eu não quero!"
"Shiu." Celou meus lábios com o dedo indicador. "Vou te fazer mulher, bad girl." Fez um pequeno caminho de beijos de meu pescoço até o decote de minha regata.
"Diego, por favor, me deixa ir..."
"Não mesmo, princesa, hoje você vai até o céu."
Ele abriu minha regata, a rasgando ao meio e deslizou a língua desde meus seios até o cós de meu short, estava com um medo imenso de tudo o que aconteceria e ainda juntava o medo dele. Ele se livrou de sua camiseta e me olhou mordendo o lábio, suas mãos pesaram enquanto passeavam por meu corpo e apalparam meus seios depois, os apertando levemente. Meu short logo estava em algum lugar do quarto e a brutalidade dele me impressionava, estava cheia de marcas pelo meu corpo, suas mãos estavam em minha bunda quando começaram a bater na porta. "Amém!", pensei comigo. 
"Caralho! Quem manda me interromper?"
"Uma ligação importante." Zack disse do outro lado da porta.
"Levanta daí e abre a porta."
Saí da cama e fui atrás de minhas roupas.
"Eu te mandei abrir a porta e não colocar essa porra de roupa!"
Prontamente fiz o que ele tinha mandado, Zack olhou pro Diego, mas logo direcionou o olhar pra mim, fiquei extremamente vermelha. 
"Agora sai daqui."
"Mas as minhas roupas."
"Sai logo." Zack disse me puxando pra fora. "Em 5 minutos vão ligar de novo." Entregou o telefone pra ele e fechou a porta. 
Encostei na parede ao lado da porta e respirei fundo, Zack ficou me olhando com uma sobrancelha levemente arqueada. 
"Melhor você ir embora antes que ele descubra que não é uma ligação de verdade."
"Você inventou?"
"Sim, agora vaza." Tirou a camisa que estava usando por cima da regata e me entregou. 
Ele era bem mais alto do que eu, isso fez com que a camisa parecesse um vestido.
"Quer que eu te leve?"
Assenti, não conseguiria ir andando normalmente na rua sabendo que estava quase nua. Saímos da casa rapidamente e ele me levou pra seu carro, expliquei o caminho e fomos em silêncio até em casa.
"Obrigada por ter me ajudado."
Ele balançou a cabeça. "Eu posso ter consequências com isso, fica me devendo essa."
"Sou eternamente grata, o que precisar pode contar comigo."
"Ok."
"Tchau." Desci do carro e acenei pra ele da calçada, ele me retribuiu com um meneio de cabeça e saiu com o carro.
Entrei em casa rezando pra que não tivesse ninguém em casa ou pelo menos no caminho até meu quarto, mas já podia esperar estar errada.
"Cadê o resto da sua roupa?" Jake perguntou parado na escada.
"Poderia ser pior, é uma longa história."
"Troca de roupa e me conta."
"Deixa isso pra lá, Jake."
"Claro que não, não vai começar agora a me esconder as coisas."
"Me deixa respirar e outra hora eu conto, fechou?"
"Fechado, em uma hora eu volto e quero que me conte."
-
Naquele dia não contei nada pra ele, tinha medo de sua reação, medo de ser abandonada pelo meu irmão... Sabia muito bem que ele não ia com a cara do Diego e nem de nenhum dos outros garotos, não era pra menos...
- 6 de junho de 2012 -
Depois de um banho relaxante, coloquei uma roupa e desci com a minha mochila, estava atrasada, super atrasada. Me despedi de meus pais e saí correndo com Jake até o carro, coloquei meus fones pra me livrar de qualquer conversa que pudesse vir à tona.
"Dá pra me responder?" Afastou o fone de meu ouvido ao entrar numa vaga do estacionamento do colégio.
Olhei pro relógio. "Não, estamos atrasados."
Saí do carro e, em passos largos, fui pra dentro da escola. Olhei na sala pra ver se Zack estava lá, mas não estava, fiquei curiosa pra saber o que tinha acontecido depois de eu ter ido embora. Andei pelos corredores à procura dele, mas um medo imenso de me esbarrar com Diego tomava minha cabeça. O encontrei parado de costas no bebedouro.
"Zack?... Zack?... Zachary!"
Ele se virou pra mim, exibindo um olho roxo, seus olhos estavam bem vermelhos e ele me encarou.
"Você está bem?"
"Sai da frente antes que eu parta sua cara em cinco."
"Quem fez isso com seu rosto?" Ignorei o que ele tinha dito.
"Culpa sua, patricinha do caralho."
"Foi o Diego, não foi?"
"Já mandei você sair da minha frente."
"Eu não vou sair."
Ele apertou meu braço com muita força, me dando uma sacudida, seus lábios se entortaram.
"Está me machucando." Tentei desvencilhar meu braço.
Seu olhar ficou fixo no meu e, aos poucos, ele foi soltando meu braço. Estávamos próximos quando ele se afastou e chutou o bebedouro ao sair andando. Deixei meu medo de lado e fui atrás dele, não era bom ele andar sozinho nesse estado, seguindo ele acabei saindo do colégio e logo os portões fecharam.
"PARA DE ME SEGUIR!" Esbravejou.
"Não vou parar, se acalma, Zachary."
Ele parou ao lado de uma árvore da pequena praça e tirou um saquinho com pó branco do bolso, o despejando na mão. Meu instinto foi bater na mão dele e o dele, ao ver o pó no chão, foi virar um tapa no meu rosto, levei minha mão pro meu rosto e senti meus olhos marejarem. 
"Porquê fez isso, porra? Eu gastei dinheiro!"
"Desculpa..." Abaixei a cabeça. "Eu vou pra casa pra não piorar as coisas."
Ajeitei a mochila nas costas e comecei meu caminho, minha mente não me deixava em paz, sabia muito bem que não devia ter feito isso, não devia ter ido atrás dele, mas sei lá o que me deu... Ele podia vir atrás de mim, não tinha quase ninguém pelas ruas e eu me daria mal, mas, por outro lado, sentia que ele não seria capaz. Algo nele me fazia querer confiar. Talvez eu estivesse redondamente errada, mas o que isso importava agora?

Minha mãe estava na cozinha quando entrei, mas tratou de vir pra sala assim que ouviu o fechar da porta.
"O que foi, meu amor? E esses olhinhos?"

"Nada, eu estava passando um pouco mal e vim pra casa."
"Falou pro seu irmão?"
"Não."
"Já está melhor?"
"Já sim."
"Eu vou sair na mesma hora do seu pai, ia deixar Kipp e Poppy com minha irmã, pode ficar com eles pra mim?" Beijou meu rosto.
"Claro." Sorri sem vontade alguma.
Eram 8h quando os dois saíram, Poppy foi a primeira a acordar.
"Tem café pra mim, JenJen?"
"Tem sim, meu amor." Peguei ela no colo.
[...] Quase 12h a campainha tocou, olhei por uma fresta da janela e um calafrio correu minha espinha. 
"O que você quer aqui?" Perguntei ao abrir a porta, ficando apenas três passos pra frente dela.
"Desculpa pelo tapa." Ele disse enquanto esfregava o nariz.
"Está me pedindo desculpas por estar drogado, não sabe o que está fazendo."
"Já cortou o efeito."
"Não é o que seus olhos dizem."
"Ainda ficam vermelhos por um tempo. Porra, se eu ainda estivesse com efeito nem lembraria onde é a sua casa." Passou uma das mãos pelo rosto. "Eu vou me redimir com você, anota aí."

“Não precisa fazer nada.”
“Mas eu quero, não bato em mulher... Foi sem pensar.”
“Já entendi.”
“De qualquer jeito, uma hora eu me redimido, mesmo que não queira.” Voltou a colocar seu capacete e subiu na moto, depois de um aceno a velocidade o fez sumir rapidamente no fim da rua. 

Fiquei parada no meio do quintal imaginando o que ele faria e se faria alguma coisa. Avistei o carro do Jake chegando e não pude entrar em casa antes de ele conseguir me ver.
"Que ótimo ter faltado no colégio. Onde você estava?" Perguntou quando entramos em casa.
"Estava passando um pouco mal."
"A Hailey disse que você estava com o drogadinho, então não mente pra mim."
"Hailey!"
"O que estava fazendo com ele?"
"Nada, só dando uma força."
"Força?" Arqueou uma sobrancelha.
"Sim, apenas isso, acha que eu estava fazendo o que?"
"Sei lá, tenho os meus palpites. Eu não te quero mais com ele."
"Quem é você pra mandar nisso? Eu odeio as vadias com quem você anda e nem por isso te proíbo de ficar com elas." 
"Vai ser assim?" Apertou os lábios.
"Sim, não tem que se meter nas minhas amizades."
"Ok, anda com esse porra e se torna uma drogada, aproveita e arruma um teto pra você."
"Está dizendo que eu vou embora daqui?"
"Se continuar assim..."
"Assim como, cara? Eu não fiz nada, NADA!"
"Eu não confio nas intenções do moleque."
"Não quero saber e eu cansei dessa conversa."
Fiquei no quarto durante o dia todo, desci apenas pra pegar um pacote de biscoitos pra comer. Abri a última gaveta de dentro do guarda-roupas e fui bem pro fundo dela, tirando uma caixinha de cigarros e um isqueiro de lá, Diego tinha me dado num dia desses, permaneci encarando o maço por alguns segundos, peguei um cigarro e custei pra acendê-lo. Dei uma tragada e comecei a tossir por não saber ao certo como fazer, parece uma besteira de se dizer, mas eu não sabia fumar. Tratei de apagá-lo, guardei o maço e o isqueiro novamente, enrolei o cigarro num pedaço de papel e joguei no lixo. 
- 15 de junho de 2012 -
Especialmente hoje não teríamos aula, estava deitada no sofá com Poppy dormindo ao meu lado, Jake tinha ido jogar futebol de areia com Kipp e minha mãe estava no andar de cima arrumando os quartos. A campainha tocou e eu levantei com cuidado pra abrir. Me surpreendi ao ver Zack na frente de casa com a moto estacionada.
"Oi." Tirou o óculos de sol que usava.
Ele estava com calça jeans, uma regata branca e uma jaqueta jeans, que o deixava ainda mais sexy, seu cabelo estava bagunçado pro lado.
"Oi." Sorri.
"Vim te chamar pra sair comigo."
"Agora?"
"Sim, se não puder ou não quiser, eu entendo."
"Vou me trocar e falar com a minha mãe, quer entrar?"
"Posso?"
"Claro." Abri a porta e esperei que ele entrasse pra fechar.
"JenJen?" Poppy me chamou coçando os olhinhos.
"Fala, meu amor."
"Cadê a mamãe?" 
Zack ficou parado ao lado do sofá, meio tímido.
"Ela está lá em cima." Peguei ela no colo. "Fica à vontade, Zack, eu não demoro."
Deixei Poppy com minha mãe, já avisando que ia sair e fui me trocar. Um short meio rasgado, um moletom e um All Star, me olhei no espelho pra ajeitar o cabelo e desci. Zack levantou logo que me viu.
"Está linda."
"Claro que não." Ri. "Mas obrigada."
"Por nada, vamos?"
"Vamos."
Fomos pro lado de fora, ele colocou um capacete e me entregou um outro.
"Eu tenho que usar isso?"
"Como proteção, prometo que não vou bater e nem capotar..." Riu. "... mas tem que usar por via das dúvidas."
Ri. "Ok." Coloquei o capacete, ainda meio contraditória sobre usá-lo.
Ele sentou e eu sentei atrás, ele pegou minhas mãos e levou pra envolta de seu corpo.
"Segura firme."
Rapidamente saímos em disparada, estava praticamente agarrada nele e ele riu disso.
"Pra onde estamos indo?" Perguntei quase gritando pra que ele pudesse me ouvir.
"Um lugar legal, espere pra ver."
Estávamos demorando pra chegar, acho que nunca tinha ido pra onde ele estava me levando. Percorremos mais um pouco do caminho e enfim ele estacionou no estacionamento do que parecia ser um parque.
"Acho que vai gostar desse lugar." Ele disse e tirou o capacete.
Tirei o meu também. "Onde estamos?"
"Em uma parte distante de Miami." Me puxou e apontou pra um pedaço distante do que parecia uma praia. "A praia é ali."
"Estamos longe."
"De moto é rapidinho. Quer entrar?"
Assenti e ele me guiou com um braço em minha cintura. Estava achando estranho, mas achei que era apenas gentileza dele por outro dia ter me batido, uma maneira de se redimir ou algo do tipo. Entramos no parque, que tinha paisagens lindas, com lagos e tudo mais.
"O que quer fazer?"
"O que você quiser."
"Escolhe, senhorita."
"Hm... Então vamos andar um pouco, pode ser?"
"Pode, claro."
Vimos lugares incríveis ali, hora ou outra ele apontava algo e me explicava sobre, não achava que ele fosse assim, realmente não achava. Já íamos parar pra descansar quando ele parou, colheu uma flor vermelha e me entregou.

"Obrigada." Sorri, corada e sem saber o que dizer.

Ele sorriu e sentou em um banco embaixo de uma árvore, onde tinha sombra feita pela mesma. Zack tirou um maço de cigarros do bolso, retirou um e o acendeu, levando pra boca. Ele tragava com tranquilidade, como eu não tinha conseguido quando tentei. Fiquei o analisando até ele me olhar.
"Quer um?"
"Não." Disse. "Como faz isso?"
"Isso o que, exatamente?"
"Fuma, pode parecer estranho, mas eu tive um ataque de tosse."
"Quer que eu te ensine a fumar?" Perguntou com ar de riso e uma sobrancelha levemente arqueada.
"Mais ou menos isso." Disse fazendo com que ele risse.
"Jenn, não se aprende a fumar, simplesmente segura e solta." Mostrou.
"Eu vou treinar em casa."

"Pra quê vai fazer isso? Quer começar a acabar com sua vida?"

"Só pra distrair."

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hey gente! Como prometido, o primeiro capítulo está aí, pode estar meio confuso, eu sei, mas depois vai fazendo sentido e melhorando, prometo! Espero que vocês tenham gostado e que me acompanhem nessa nova etapa, ok? Estou adorando escrever essa fic, vai ser meio diferente do que eu estou acostumada a escrever. Deixem suas opiniões nos comentários, não fiquem com vergonhar, eu não mordo pkakskakas gosto muito de saber o que cada leitora está achando. Deixem também os users de quem ainda não deixou pra eu poder avisar dos novos capítulos. COMENTEM, OK? XOXO <3