Subi pro meu quarto mancando, mas ao meu ver Jake não
percebeu. Naquela noite, custei a dormir, minha cabeça não parava de trabalhar
nem por um segundo. Fora que minha dor estava insuportável, até a ideia de me
drogar passou pela cabeça, mas eu tinha prometido ao Jake, ao Harry e à Hay,
seria muita sacanagem da minha parte. Pela manhã, haviam várias chamadas no meu
celular, Ryan, Hay e Jullie, mas não retornei nenhuma delas, não estava com
saco pra isso. A porta do meu quarto se abriu mais ou menos vinte minutos
depois de eu ter acordado.
"O
que aconteceu contigo, Jenn?"
"Ahm?
Como assim?"
"Harry
acabou de ligar perguntando se você estava aqui, porque, segundo ele, Ryan não
tem notícias suas desde que saiu do luau com um cara. Que cara era esse?"
"Jake,
não enche o saco, por favor."
"Vou
encher sim, até que me fale."
"Um
cara, apenas um cara."
"Que
cara? O nome dele é cara por acaso?"
"Para!
Eu cuido da minha vida, não te devo satisfações."
"A
partir do momento em que eu pago seu aluguel e sou seu irmão, me deve sim."
"Você
não paga isso aqui sozinho."
"A
maior parte, afinal, você não trabalha."
"Trabalho
com o que dá."
"Isso
não é trabalho!"
"Já
me encheu, vaza!" Apontei pra porta.
Quando
a porta já estava quase se fechando, ele voltou a abrí-la, dessa vez tinha um
buquê médio em suas mãos.
"O
pai mandou pra você."
"Não
quero, leva de volta." Disse antes de ele chegar na cama.
Jake
não rebateu e fez o que eu pedi. Sentei na cama com as mãos tirando o cabelo de
meu rosto, fechei os olhos e tentei acalmar minha mente, mas não deu muito
certo, ao invés disso, minha família começou a vir na cabeça, sentia falta
deles...
- 4 de
fevereiro de 2005 -
Jake e
eu corríamos pelo quintal enquanto nossa mãe tentava fazer com que Kipp
dormisse, não era uma tarefa fácil por conta do barulho que fazíamos. O motivo
de estarmos correndo? Meu irmão ter quebrado a cabeça de mais uma de minhas
Barbies e eu queria bater nele, mas ele era mais rápido. Assim que meu pai
desceu do carro, do qual acabara de estacionar na garagem, corri pro colo dele
com meus olhos brilhantes por causa das lágrimas que o tomavam.
"Ei,
o que foi?"
"Jake
quebrou a Rapunzel." Aconcheguei a cabeça no peito dele.
"Não
chora, minha princesa, o papai compra outra pra você, mas não conte pra ele,
ok?"
Assenti,
fazendo beicinho, mas sem cogitar em ir pro chão. Os braços dele eram o melhor
lugar do mundo pra mim, me sentia tão segura, tão protegida.
"Não
faz essa carinha, eu fico triste junto com você." Leves marcas de
expressão apareciam abaixo de seus olhos azuis quando ele sorria e eu achava
isso lindo.
"Não
dá atenção pra essa boba aí não, pai, vem brincar comigo."
"Posso
ir jogar um pouquinho com seu irmão? Não vai ficar triste?" Balancei a
cabeça. "Prometo que você sempre será a minha princesa, não importa quanto
tempo se passe." Beijou minha testa. "Amo você."
"Amo
você, papai."
-
Minha
mãe era diferente dele, ela não ligava mais pra mim, ela sempre odiou pessoas
que fumassem, se drogassem e isso tudo no que eu tinha me metido, então havia
desistido de tentar algum contato comigo depois de me mandar embora de casa.
Era tudo muito superficial com ela. Mas, de qualquer jeito, sentia falta...
Esperei que Jake saísse pro trabalho pra eu poder descer, queria evitar maiores
brigas. Depois de uns 10 minutos que tinha ouvido a porta, desci pra comer
alguma coisa, meus olhos não largavam as flores enquanto eu comia. Pude ver que
tinha um envelope junto delas e minha curiosidade aumentou... Eu tinha que ler,
era o meu pai. Os lírios brancos tinham um aroma agradável e eram lindos, meus
preferidos desde sempre. Coloquei-os num vaso com água e peguei o envelope,
sentei no sofá com ele, deslizei os dedos por meu nome escrito com a letra
dele. Respirei fundo e o abri.
"Jenn,
Me
desculpe por não poder ter estado com você no hospital durante seu acidente,
isso doeu mais em mim do que em você, acredite. Eu não iria aguentar te ver na
cama de um hospital, em coma, sabe que eu nunca poderia te imaginar assim, não
sabe? Passei os dias rezando por você, pra que Deus desse outra chance pra
minha princesa, me culparia eternamente pela falta de tempo que tivemos e ainda
estamos tendo, espero que um dia possamos ter uma relação de pai e filha como
antes tínhamos, mas tenho medo de que esse dia demore a chegar, tenho medo de
não poder ver seu futuro, de não poder ver quando finalmente conseguir achar
alguém bom, que te complete e te ajude a sair dessa. Quero ver seus filhos
crescerem e mimá-los como eu te mimei quando era pequena, ainda tem muito pra
você viver, tem muito pela frente. Tome cuidado, Ele te deu mais uma chance,
não a jogue fora e, por favor, não se esqueça de onde veio, não se esqueça de
nós. Eu sempre vou estar aqui por você e pra você, eu te prometi, e se lembra
da minha outra promessa? Você ainda é, e sempre vai ser, a minha princesa. Eu
amo você.
Com
amor,
Papai."
Não
preciso dizer que comecei a chorar antes mesmo de chegar ao fim da carta,
droga... Estava chorando em dois dias mais do que em um mês inteiro já tinha
chorado. Sentia falta de acordar com a Poppy enrolando meu cabelo ou com Kipp
jogando Guitar Hero no último volume
com Jake no quarto do lado. Estava longe de poder ter isso de volta, minha mãe
não me aceitaria de volta em casa e, além do mais, eles estariam em perigo. Eu não tinha
nada a fazer, só me restava aceitar.
Passei
o dia jogada no sofá comendo salgadinhos e vendo um filme seguido de outro, só
faltava tocar The Lazy Song na trilha
sonora. No meio de um dos filmes acabei dormindo rapidamente, mas foi o
suficiente pra que conseguisse ter um sonho com Zack, a única coisa que me
lembro foi de ele ter pegado em minhas mãos com toda a ternura e dito: eu estou
aqui, meu anjo, e toda essa dor que está sentindo, tudo o que está passando, é
apenas uma barreira antes de algo bom acontecer, tudo vai melhorar pra ti em breve. E logo depois de
ter meu rosto acariciado por ele, despertei. Seu cabelo louro escuro estava
arrumado do mesmo jeito, seus olhos claros cintilavam na escuridão que era
formada e seu toque era tão real, como se ele estivesse comigo, mas não estava,
não podia estar. Pensar nisso me machucava tanto, só conseguia pensar nele,
sentia tanto a falta de olhá-lo quando acordava, de saber que eu teria alguém
pra me proteger com um abraço, de saber que tinha alguém que daria a vida pela
minha... Meu celular tocou, me dispersando do turbilhão de emoções que me
rodeava.
-
"E
aí, Jullie."
"Até
que enfim batemos o horário." Sabia que ela estava rindo por conta de seu
tom de voz. "Como você está?"
"Era
pra estar melhor."
"Porquê
era?"
"Gabriel
piorou minha situação, já estava fodida e ele conseguiu piorar."
"Esse
ódio dele por você não tem jeito."
"Eu
não entendo ele, já tentei, mas não entendo."
"Ah,
eu sei bem como é isso, não tem como entender, Jenn."
"Pois
é... Agora sei que meu nervo pode estar inflamado, vou ver amanhã na
fisioterapia."
"Está
fazendo fisioterapia?" Perguntou num tom exaltado, como se fosse coisa de
outro mundo.
"Sim,
qual o problema? Preciso me recuperar logo."
"Sei
lá, só é... estranho."
"Estranho?
Não tem nada de estranho e até que o fisioterapeuta é meio gato."
"Safada?!
Qualquer dia desses eu te acompanho nessa sua fisioterapia." Riu.
"Mas, fora isso, quais as novidades?"
"Ryan
Nassif."
"Quem?"
"Um
cara gato."
"Ta
pegando?"
"Claro,
Jennifer Ann não está morta." Ri.
"Mas
você veio mais assanhada desse hospital do que antes, meu Deus!"
"Sou
a mesma de sempre, não viaja." Fiz uma pausa rápida. "Vou tomar um
banho antes de o meu irmão chegar, a gente se vê."
"Ok,
quero saber desse tal Nassif."
"Pode
deixar."
-
No
meio do meu banho, que tentava mas estava longe de ser relaxante, Jake chegou e
já saiu me chamando pela casa, odiava quando ele fazia isso.
"O
que é, Jake?" Fechei o chuveiro e peguei minha toalha do suporte.
"Só
queria saber se estava em casa." Ele disse por trás da porta.
"Claro
que estou, pra onde eu iria com a perna fodida desse jeito? Estou sem moto,
esqueceu?" Passei a toalha pelo cabelo pra tirar o excesso de água.
"Só
me preocupo, grossa."
"Não
enche, já me irritou de manhã."
- POV Jake -
Não
havia garota mais grossa que a Jennifer, mas não tinha como ignorá-la. Por mais
grossa e insensível que houvesse se tornado, não tinha como, ela era minha irmã
e eu a amava, não tinha como não amar a garota que foi minha metade durante a
vida toda. Um sorriso estampou meu rosto por ver as flores num vaso na mesa da
sala de jantar, ela não era de tudo insensível. A minha irmã ainda estava
dentro da armadura... Me joguei no sofá depois de um dia exaustivo na loja de
pranchas, ok, não era tão lotado de serviço, mas polir as pranchas levavam de
duas a três horas em cada pra que ficassem perfeitas. Ainda era eu quem fazia
as entregas quando Jhonan não estava e hoje tinha sido um dos dias em que ele
não estava. Mas eu não gostaria de trabalhar em nenhum outro lugar, essas
coisas que envolviam praia eram minhas favoritas, não conseguia me ver
organizando papéis ou servindo pessoas em restaurantes.
"Fala, Jake. Fala..."
Jenn desceu, absorvendo o excesso de água dos cabelos em uma toalha.
"Nada,
só queria saber se estava em casa."
"Já
sabia que eu estava."
"É,
eu já sabia, só queria falar com você, pra saber se ainda estava nervosa."
"Com
você? Claro."
"Então,
desculpa pelo o que disse."
"Deixa
eu pensar?" Sentou no outro sofá com as pernas dobradas. "Hm... Não."
"E
se..." Sentei do lado dela. "...eu pegar o pote de sorvete sonho de
valsa que eu te trouxe?"
Ela
riu. "Depois de comer eu penso."
"Assim
não vale."
"Vai
logo, Jake."
Ela
parecia uma criança às vezes, com seu lado brincalhão, e eu adorava isso, me
sentia mais próximo do que ela era antes. A única coisa que eu odiava era que
nenhum de nós conseguia fazê-la chegar tão próximo da antiga realidade quanto o
idiota-tatuado havia feito, nunca tinha visto minha irmã tão feliz como era
quando estava ao lado dele, mas eu, particularmente, não gostava do
relacionamento deles. Não havia me aprofundado em conhecer o cara, mas não
gostava, desde quando nos cruzávamos nos corredores da escola, antes mesmo de
ele se aproximar da Jenn, já não ia com a cara dele, depois só foi piorando. No
meio da nossa maratona de sorvete, a campainha tocou, fui abrir e dei de cara
com a Jullie.
"Lawson."
Cruzou uma perna por cima da outra.
"Jullien."
A encarei.
"Como
vai a vida?"
"Bem
melhor que a sua, garanto."
"Não
daria tanta certeza pra sua afirmação."
"O
que quer aqui?"
"Falar
com você que não é... Jennifer está aí?"
Abri
espaço, apontando pro sofá com meu braço esticado, ela passou se esbarrando por
mim e sentou ao lado da Jennifer. Já sabia que seria totalmente excluído da
conversa, então subi pro meu quarto pra descansar um pouco.
- POV Cody -
Mudanças
são totalmente necessárias em nosso processo de desenvolvimento pessoal, e a
minha mudança, não só mental, mas mudança de fato estava vindo pela segunda
vez. Estava um pouco esperançoso com a dessa vez, tinha que aprender a me virar
longe da minha família e essa parecia ser uma boa hora pra isso, afinal já
estava com 22 anos, não era mais hora de ficar nas asas da mamãe, dependendo
dela pra passar e lavar minhas roupas e fazer minha comida. Estava enchendo a
quarta mala com algumas coisas, quando Alli entrou no meu quarto, levando tudo
o que tinha em sua frente.
"Cody,
você não pode ir! Não pode."
"Já
decidi, Alli." Balancei a cabeça enquanto colocava meus livros do Harry Potter um por um na mala. "E,
também, vai ser melhor pra mim."
"Claro
que não!" Bufou, deixando as mãos caírem em suas pernas. "Vai
abandonar seus planos? Tudo o que sempre lutou pra tornar realidade, seus
projetos... Onde fica tudo isso?"
"Já
arrumei um trabalho por lá, na verdade fui convidado por email, vou juntando um
pouco de meu salário por mês e logo conseguirei, você vai ver." Abri um
sorriso pequeno, bem pequeno mesmo. "Não vou desistir assim de tudo,
também vou pegando alguma prática por lá, podem ter coisas diferentes, não sei."
"Não
quero ficar longe de você."
"Pode
ir me visitar, Alli, Miami não é tão longe assim."
"Pode
deixar que eu vou mesmo. Não vai se livrar de mim tão fácil." Abracei ela
e beijei o lado de sua testa. "E eu não quero."
"Acho
bom mesmo." Me empurrou de leve. "Quer alguma ajuda?"
"Não,
já estou quase acabando." Disse ao olhar ao redor e ver meu quarto vazio.
"Vai
embarcar amanhã?"
"Às
03hrs."
"Meu
Deus! Vai chegar que horas lá?"
"11hrs,
contando no fuso horário de lá."
"Já
acertou onde vai ficar?"
"Sim,
e eu já te disse isso." Ri.
- POV Jenn -
"Estamos
muito paradas ultimamente, estou precisando de jóias novas." Me analisou.
"E você também está." Entortou o lábio com desdém. "Vamos às
compras!"
"Compras?"
Arregalei um pouquinho os olhos, sabendo bem o plano.
Ela
apenas riu, sem querer responder meu comentário. "Vou ligar pro Chaz e pra
Bea, eles estão na área, vão ajudar. E, bom, Chaz está me devendo uma."
"O
que fez pra ele?"
"Coisa
pouca, ajudei num carregamento pra passar pela fronteira, só tive que falar com
o Diego e ele cuidou do resto."
"Tecnicamente,
ele deve pro Diego."
"Quem
se importa?" Deu de ombros e pegou seu celular no bolso.
Jullie
combinou tudo com Chaz e Bea, os dois estariam numa joalheira a meia hora
de onde estávamos, beirando a cidade vizinha. Lá não se tinha muita segurança,
quase nenhuma na verdade. Ela não foi muito rápido, demoramos tempo suficiente
pra chegarmos antes e vermos alguns modelos de pulseiras e anéis.
"Estão
querendo algo específico ou apenas dar uma olhada?"
"Estamos
vendo os que chamam atenção." Disse.
"Mas
me parece que naquela joalheira do shopping tem peças mais glamurosas."
Jullie comentou comigo baixo, mas numa altura em que a vendedora conseguisse
nos ouvir.
"Posso
mostrar pra vocês algumas peças exclusivas, podem se interessar."
"Pode
ser." Deu de ombros.
Chaz e
Bea entraram na loja no exato momento que a vendedora nos levou pra uma outra
bancada, nela tinham jóias de irradiar os olhos de qualquer um. Jullie escolheu
ver três pulseiras, ela destrancou e tirou-as pra ela. Fiquei prestando atenção
nos dois, como quem não quer nada.
"Vamos
nos casar, queríamos ver as alianças que vendem aqui."
"Qual
a faixa de preço de vocês?"
"A
maior/menor possível." Se contradisseram e a vendedora esperou uma
resposta que combinasse.
"Eu
quero uma aliança cara, isso não é justo! Tem que me compensar pelo anel de
noivado vagabundo que me deu."
"Jade,
pegue alguns modelos no estoque pra mim?" A vendedora que os atendia pediu
pra ruiva que nos atendia.
"Esperem
um minutinho, eu já volto, podem ir vendo outros modelos."
Me
certifiquei de não tinham câmeras de segurança ali, a única ficava próximo de
onde a vendedora ruiva havia entrado, não conseguia captar onde estávamos e,
pelo conhecimento que tinha, vi que ela aparentava estar desligada. Ótima
segurança pra loja, ri comigo mesma.
"Já
decidiu?"
"Essa."
Apontou.
Com a
ponta dos dedos bem leves, ela deslizou a peça pelo balcão até a ponta, onde
teve queda livre pra sua bolsa.
"Vamos
embora." Disse baixo.
"Não!
Pega algo pra você."
"Não
se preocupe comigo, não quero correr o risco de nos pegarem."
"Larga
de ser medrosa, Jennifer." Sussurrou ainda mais baixo e demorou um pouco
até olhar prapra outra vendedora. "Pode ver algo pra minha amiga?"
Prontamente,
ela levantou de onde estava sentada e veio até nós. "Já escolheu
alguma?" Pegou as duas pulseiras de cima do balcão e as colocou de volta
em seus devidos lugares.
"Ainda
não." Mordi o lábios inferior.
"Olha
essa daqui." Jullie apontou pra uma de ouro com rubis bem pequenos em
alguns espaços, era perfeitamente desenhada e meus olhos brilharam. "Mas
talvez essa ou essa." Apontou pra outras duas, das quais nem me preocupei
de olhar muito.
A moça
as tirou e colocou no mesmo lugar das outras duas. Chaz e Bea discutiam do
outro lado da loja, mas o nervosismo impedia-me de ouvir o que estava
acontecendo.
Na troca
entre as duas vendedoras, Jullie pegou a primeira pulseira e colocou no meu
bolso com toda a discrição que ela tinha, sabendo que eu travaria. Levantei uma
outra pulseira pra olhá-la melhor, analisei-a com certo desdém, apesar de ser
linda.
"Acho
que não nos agradou." Disse. "Voltamos num outro dia pra vermos se
tem algo que nos agrada."
"Tudo
bem, tenham uma boa noite." Jade sorriu, gentil.
Saímos
da loja e entramos no carro, torcendo pra que ela não desse falta de nada até
que estivéssemos longe, ou que nem desse falta. Estacionamos em um bar no meio
do caminho entre as duas cidades e Jullie avisou pros dois onde estaríamos.
Pegamos uma mesa do lado de dentro, bem próxima dos barmans. Não demorou 40
minutos pra que os dois estivessem se juntando a nós.
"Um
brinde à nós!" Chaz ergueu seu copo e brindamos.
"Principalmente
ao Chaz que não me deixou ficar sem nada." Bea sorriu enquanto mostrava um
anel de brilhantes.
"Uau!"
"Eu
acho que vocês deveriam se assumir logo, sabe?"
"Jenn?"
Conhecia a voz perfeitamente, assim que olhei pra trás, Ryan estava lá.
"O
que faz aqui?"
"O
mesmo que você." Riu de leve, erguendo seu copo.
"Ah..."
"Que
falta de educação, Jenn, apresenta o gato."
"Esse
é o Ryan. Ryan, esses são Jullie, Bea e Chaz." Apontei pra cada um.
"E
aí." Ele acenou, com o sorriso encantador aparecendo em seu rosto
encoberto pela leve escuridão.
"Senta
aqui com a gente." Jullie chamou e eu a encarei.
"Ele
deve estar com os amigos ou com alguém."
"Na
verdade, não." Bebeu um gole do conteúdo em seu copo. "Posso falar
com você?"
"Claro,
Ryan."
Bebi
mais um gole da batida em meu copo e me levantei, indo até ele, fomos pra um
lugar mais reservado, na verdade o corredor dos banheiros. O bar não estava
muito cheio, mas era melhor pra conversar.
"Porque
não retornou minhas ligações?"
"Não
senti necessidade, não temos nada sério. Estou fugindo do termo
"amor", não se iluda."
"Mas
eu fiquei preocupado contigo, também fujo de relacionamentos."
"Acho
bom, muito bom." Ri. "Mas, enfim, estou bem, ok?"
"Estou
vendo." Sorriu, alisando minha cintura com os olhos fixos nos meus.
Sorri
sapeca e ele me puxou pra si, selando nossos lábios, nossas línguas iam em
perfeita sincronia uma com a outra e uma de suas mãos estava no meio de meu
cabelo. Voltamos logo pra mesa, pra não ser motivo da Jullie vir atrás de nós,
ela era um pouco curiosa, nada absurdo, mas era. Ryan sentou conosco e
renovamos a rodada de bebidas.
"E
aí, onde se conheceram?" Bea perguntou.
"Ele
é amigo do Harry, mas não temos nada sério, se é isso que está pensando."
"Não
estou, eu te conheço, Jenn."
Ficamos
numa conversa animada no bar, na hora de ir, ao invés da Jullie me levar pra
casa, Ryan que se propôs, não me opus a isso. Jake estava jantando quando
cheguei, não dei muito atenção e subi direto pro quarto. Mais algumas ligações
do Harry lotavam meu celular, mas como tinha uma sms, resolvi respondê-la, era
mais fácil.
Harry:
"Estou embarcando hoje a noite pra casa dos meus pais em New Jersey , preciso de
um favor."
Jenn:
"Que favor?"
Harry:
"Um amigo meu de Los Angeles vai se hospedar em casa, recebe ele pra mim?
Ele vai embarcar amanhã de madrugada."
Jenn:
"Você inventa, heim? Mas tudo bem... Então amanhã eu durmo lá."
Harry:
"Muito obrigado, vou ficar te devendo essa."
Jenn:
"Não se preocupe, não teria nada pra fazer mesmo. Vai ficar muito tempo?"
Harry:
"Não, vou passar o aniversário da minha mãe com ela, volto no mesmo dia
que ele vai estar aí."
Jenn:
"Ah, entendi."
Harry:
"Vou pra sala de embarque agora, boa noite <3"
Jenn:
"Boa viagem, baby <3"
Tomei
um banho, coloquei meu baby-doll e me deitei. Peguei um livro que estava lendo
no criado-mudo e abri na página, eu ainda tinha meu lado sonhadora e os livros
sempre ajudaram na minha vida. Perdi a hora no meio das letras, eram quase
03hrs quando olhei pro relógio preso na parede de frente. Bastou eu deitar a
cabeça no travesseiro pra ver o quão cansada estava. Apaguei na hora. O dia
seguinte começou do mesmo jeito que todos os outros, uma típica discussão com
Jake no café, mas mesmo assim ele me levou pra fisioterapia, o médico estava
com outro paciente e, se eu quisesse me consultar, teria que esperar. Era o
jeito. Esperei por mais de meia hora na sala de espera, gente ia e voltava de
um lado pro outro, uns melhores e outros piores, mas iam e viam.
"Por
mais alguns centímetros, você poderia ter rompido o nervo da perna, não pedi
pra senhorita ficar em repouso?" Ele disse depois de me examinar.
"Eu
tenho coisas a fazer."
"Garanto
que a sua saúde é mais importante, se romper o nervo vai ser ainda pior, melhor
se cuidar."
"Vou
me cuidar, ok? O problema foi que me excedi e acabei indo correr."
"Correr?
A senhorita está maluca?"
"Foi
uma situação de risco, não foi por mal."
"Agora
vai ter que se cuidar ainda mais, pode fazer isso?"
"Sim,
claro, mas eu vou poder andar, né?"
"Sem
correr, sem se esforçar."
"Ok,
posso ir pra fisioterapia?"
"Não,
hoje não vai pra fisioterapia, prefiro fazer uma massagem e enfaixar pra que
não esforce tanto."
"Se
você diz..." Dei ombros.
Uma
enfermeira foi chamada e fez a massagem na minha perna com um creme à base de
cânfora, adormeceu o local com uma leve queimação, mas a dor ia passando. Uma
faixa foi enrolada na minha perna toda bem forte, quase impedindo totalmente os
movimentos, dai fui dispensada. Peguei um táxi no ponto que ficava na frente do
hospital e ele me deixou na porta de casa, não conseguiria ir andando com a
força da faixa. Me joguei na cama e por lá fique, não estava com um pingo de
fome pra ir comer, então nem me preocupei com esse detalhe. Me levantei já era
de tarde, troquei de roupa, como uma maçã e sai de casa rumo à farmácia. Sempre
achei que eles deviam abrir uma farmácia mais perto de casa, era perto da praia
a mais próxima e a outra era em um local onde eu não gostava de passar...
Comprei uma pomada com cânfora, alguns comprimidos pra dor muscular e faixas,
aproveitei pra comprar algumas balas e chocolates light que estavam no caixa,
eu adorava os doces daqui. Passei no mercado pra fazer umas compras básicas,
Jake não tinha ido às compras esse mês e estávamos quase sem nada por lá.
Cheguei junto com o carro do Jake, que acabara de estacionar, ele estava tenso
e isso, meio que, me preocupou. Nada foi dito, arrumei todas as coisas no
armário da dispensa e me sentei ao lado dele, suas mãos apoiavam seu rosto,
fazia tempo que não o via desse jeito.
"Jake?"
Sentei do lado dele. "O que te preocupa?"
"Nada..."
"Vai
esconder de mim?"
"Depois
eu te conto, ok? Tenho que ver umas coisas antes."
"Devo
me preocupar?"
"Ainda
não sei." Suspirou. "Quer ajuda na cozinha?"
"Ainda
está cedo pra jantar, não acha?"
"Você
quem sabe, vou sair pradaria uma espairecida de noite."
"Você
está bem, mano?"
"Tô
bem, já te disse."
"E
quem foi que disse que eu acreditei?"
"Enfim,
não importa, eu vou sair."
"Pra
onde, posso saber?"
"Eu
sou o mais velho aqui, pode parar."
"Tecnicamente,
são só dois minutos de diferença, não se vanglorie."
"Já
é uma grande diferença, novinha." Passou um braço envolta de mim.
"Como foi na fisioterapia?"
"Não
foi, passei em consulta, dai o médico disse que não era pra eu fazer por conta
do meu nervo estar quase em estado crítico."
"Como
é que piorou sua situação?" Arqueou uma sobrancelha.
"Andando,
dormindo, vai lá saber..." Dei de ombros.
"Transando
com o Ryan, vai saber." Me imitou.
Dei um
tapa estalado em seu braço depois de sentir minhas bochechas corarem com
extrema vergonha, dividia tudo com meu irmão, quase tudo, mas sexo não era um
assunto sobre o qual não conseguia me abrir pra ele, era estranho isso,
totalmente estranho.
"Vai
dizer que é mentira?"
"Cala
a boca, garoto." Ri, sem graça.
"Não
falo mais nada, vou lá tomar um banho pra sair."
"Não
me disse aonde vai!" Disse mais alto quando ele estava no tipo da escada,
mas não tive resposta.
Jake
se arrumou com um estilo de roupa mais pra balada, então já tinha certeza de
pra onde ia, assim que ele saiu, liguei pra pizzaria e pedi uma pizza pequena.
Demorou quase 40 minutos pra chegar, enquanto isso minha cabeça trabalhava
pensando na minha família, em especial na minha irmã, ela faria 5 anos em dois
dias e era provável que eu não pudesse vê-la, a menos que combinasse algo com
meu pai em
segredo. Pensei. Pensei mais. E acabei ligando mesmo.
-
"Alô?"
"Pai?"
"Jenn?"
Sua voz trazia-me toda a surpresa que ele sentia no momento.
"É...
Ahm... Obrigada pelas flores."
"Não
foi nada, você está melhor?"
"Sim,
minha perna está com o nervo inflamado, mas, fora isso, sim." Fiz uma
pausa rápida. "Mas eu não liguei por isso."
"Aconteceu
algo?"
"Não...
Eu só queria pedir pra ver meus irmãos no dia do aniversário da Poppy."
Estava tremendo um pouco, isso fez com que minha voz se embargasse na fala.
Ele
não respondeu de imediato, um silêncio tomou o telefone e fez com que eu
questionasse a mim mesma em se estava fazendo certo. "Sua irmã vai adorar,
onde nos encontramos?"
"Hm...
Depois de amanhã no shopping perto de Miami Beach, pode ser? Depois vemos se
vamos pra outro lugar."
"Ok,
como você quiser, ela estava meio triste por sua mãe ter que trabalhar no dia,
agora ela não vai conter o sorriso no rosto. Sabe que ela fala de você o dia
inteiro, não sabe? Poppy sente muito a sua falta, Jenn."
"Eu
sei, pai..." Suspirei. "Mas então está combinado?"
"Claro,
que horas?"
"10h30?
Não vou fazer nada."
"10h30
estaremos lá, qualquer coisa ligue, filha."
"Ok."
-
Meu
coração disse eu te amo em completo silêncio, mas ele sabia disso, no fundo ele
sabia. Deixei o telefone em sua base e subi pro meu quarto, já estava
totalmente atrasada pra ir pro apartamento do Harry, não sabia a que horas o
tal amigo chegaria no apartamento, então tinha que estar pronta por lá. Deixei
um bilhete na geladeira pro Jake, joguei uma troca de roupa e meu pijama na
bolsa junto com algumas outras coisas e saí de casa. Porra, tinha que lembrar
de mandar a moto pro concerto, essa vida de ir apé pra todo canto não estava
sendo muito boa. O apartamento estava todo bagunçado, como sempre, tinha que
dar um jeito por ali antes do tal amigo dele chegar, não causaria boa
impressão. Guardei as roupas espalhadas, joguei as embalagens de comida fora,
lavei a pilha de roupas que estava na pia e deu uma ajeitada básica no quarto
de hóspedes. Depois décimo banho relaxante, fiz um pouco de pipoca e deitei pra
assistir um filme que passava, não prestei atenção no nome e em quase nada do
filme, dormi pouco depois.
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oi pessoal, sei que eu demorei pra postar, mas anda tudo muito corrido pra mim, por conta da escola e tal... não vou prometer que posto o próximo muuuuuito rápido, mas ele já está quase que todo pronto, então vou esperar só os comentários de vocês e tal. E ai, quais os planos do Cody que a Alli mencionou? Como vai ser a chegada dele? Em que papel ele vai entrar? hahahhaa O que acham que vai acontecer? ESPERO QUE TENHAM GOSTADO, OK? COMENTEEEEM! XOXO <3


