segunda-feira, 24 de março de 2014

Capítulo 4 - Always my princess.

Subi pro meu quarto mancando, mas ao meu ver Jake não percebeu. Naquela noite, custei a dormir, minha cabeça não parava de trabalhar nem por um segundo. Fora que minha dor estava insuportável, até a ideia de me drogar passou pela cabeça, mas eu tinha prometido ao Jake, ao Harry e à Hay, seria muita sacanagem da minha parte. Pela manhã, haviam várias chamadas no meu celular, Ryan, Hay e Jullie, mas não retornei nenhuma delas, não estava com saco pra isso. A porta do meu quarto se abriu mais ou menos vinte minutos depois de eu ter acordado.
"O que aconteceu contigo, Jenn?"
"Ahm? Como assim?"
"Harry acabou de ligar perguntando se você estava aqui, porque, segundo ele, Ryan não tem notícias suas desde que saiu do luau com um cara. Que cara era esse?"
"Jake, não enche o saco, por favor."
"Vou encher sim, até que me fale."
"Um cara, apenas um cara."
"Que cara? O nome dele é cara por acaso?"
"Para! Eu cuido da minha vida, não te devo satisfações."
"A partir do momento em que eu pago seu aluguel e sou seu irmão, me deve sim."
"Você não paga isso aqui sozinho."
"A maior parte, afinal, você não trabalha."
"Trabalho com o que dá."
"Isso não é trabalho!"
"Já me encheu, vaza!" Apontei pra porta.
Quando a porta já estava quase se fechando, ele voltou a abrí-la, dessa vez tinha um buquê médio em suas mãos.
"O pai mandou pra você."
"Não quero, leva de volta." Disse antes de ele chegar na cama.
Jake não rebateu e fez o que eu pedi. Sentei na cama com as mãos tirando o cabelo de meu rosto, fechei os olhos e tentei acalmar minha mente, mas não deu muito certo, ao invés disso, minha família começou a vir na cabeça, sentia falta deles...
- 4 de fevereiro de 2005 -
Jake e eu corríamos pelo quintal enquanto nossa mãe tentava fazer com que Kipp dormisse, não era uma tarefa fácil por conta do barulho que fazíamos. O motivo de estarmos correndo? Meu irmão ter quebrado a cabeça de mais uma de minhas Barbies e eu queria bater nele, mas ele era mais rápido. Assim que meu pai desceu do carro, do qual acabara de estacionar na garagem, corri pro colo dele com meus olhos brilhantes por causa das lágrimas que o tomavam.
"Ei, o que foi?"
"Jake quebrou a Rapunzel." Aconcheguei a cabeça no peito dele.
"Não chora, minha princesa, o papai compra outra pra você, mas não conte pra ele, ok?"
Assenti, fazendo beicinho, mas sem cogitar em ir pro chão. Os braços dele eram o melhor lugar do mundo pra mim, me sentia tão segura, tão protegida.
"Não faz essa carinha, eu fico triste junto com você." Leves marcas de expressão apareciam abaixo de seus olhos azuis quando ele sorria e eu achava isso lindo.
"Não dá atenção pra essa boba aí não, pai, vem brincar comigo."
"Posso ir jogar um pouquinho com seu irmão? Não vai ficar triste?" Balancei a cabeça. "Prometo que você sempre será a minha princesa, não importa quanto tempo se passe." Beijou minha testa. "Amo você."
"Amo você, papai."
-
Minha mãe era diferente dele, ela não ligava mais pra mim, ela sempre odiou pessoas que fumassem, se drogassem e isso tudo no que eu tinha me metido, então havia desistido de tentar algum contato comigo depois de me mandar embora de casa. Era tudo muito superficial com ela. Mas, de qualquer jeito, sentia falta... Esperei que Jake saísse pro trabalho pra eu poder descer, queria evitar maiores brigas. Depois de uns 10 minutos que tinha ouvido a porta, desci pra comer alguma coisa, meus olhos não largavam as flores enquanto eu comia. Pude ver que tinha um envelope junto delas e minha curiosidade aumentou... Eu tinha que ler, era o meu pai. Os lírios brancos tinham um aroma agradável e eram lindos, meus preferidos desde sempre. Coloquei-os num vaso com água e peguei o envelope, sentei no sofá com ele, deslizei os dedos por meu nome escrito com a letra dele. Respirei fundo e o abri.
"Jenn,
Me desculpe por não poder ter estado com você no hospital durante seu acidente, isso doeu mais em mim do que em você, acredite. Eu não iria aguentar te ver na cama de um hospital, em coma, sabe que eu nunca poderia te imaginar assim, não sabe? Passei os dias rezando por você, pra que Deus desse outra chance pra minha princesa, me culparia eternamente pela falta de tempo que tivemos e ainda estamos tendo, espero que um dia possamos ter uma relação de pai e filha como antes tínhamos, mas tenho medo de que esse dia demore a chegar, tenho medo de não poder ver seu futuro, de não poder ver quando finalmente conseguir achar alguém bom, que te complete e te ajude a sair dessa. Quero ver seus filhos crescerem e mimá-los como eu te mimei quando era pequena, ainda tem muito pra você viver, tem muito pela frente. Tome cuidado, Ele te deu mais uma chance, não a jogue fora e, por favor, não se esqueça de onde veio, não se esqueça de nós. Eu sempre vou estar aqui por você e pra você, eu te prometi, e se lembra da minha outra promessa? Você ainda é, e sempre vai ser, a minha princesa. Eu amo você.
Com amor,
Papai."
Não preciso dizer que comecei a chorar antes mesmo de chegar ao fim da carta, droga... Estava chorando em dois dias mais do que em um mês inteiro já tinha chorado. Sentia falta de acordar com a Poppy enrolando meu cabelo ou com Kipp jogando Guitar Hero no último volume com Jake no quarto do lado. Estava longe de poder ter isso de volta, minha mãe não me aceitaria de volta em casa e, além do mais, eles estariam em perigo. Eu não tinha nada a fazer, só me restava aceitar.
Passei o dia jogada no sofá comendo salgadinhos e vendo um filme seguido de outro, só faltava tocar The Lazy Song na trilha sonora. No meio de um dos filmes acabei dormindo rapidamente, mas foi o suficiente pra que conseguisse ter um sonho com Zack, a única coisa que me lembro foi de ele ter pegado em minhas mãos com toda a ternura e dito: eu estou aqui, meu anjo, e toda essa dor que está sentindo, tudo o que está passando, é apenas uma barreira antes de algo bom acontecer, tudo vai melhorar pra ti em breve. E logo depois de ter meu rosto acariciado por ele, despertei. Seu cabelo louro escuro estava arrumado do mesmo jeito, seus olhos claros cintilavam na escuridão que era formada e seu toque era tão real, como se ele estivesse comigo, mas não estava, não podia estar. Pensar nisso me machucava tanto, só conseguia pensar nele, sentia tanto a falta de olhá-lo quando acordava, de saber que eu teria alguém pra me proteger com um abraço, de saber que tinha alguém que daria a vida pela minha... Meu celular tocou, me dispersando do turbilhão de emoções que me rodeava.
-
"E aí, Jullie."
"Até que enfim batemos o horário." Sabia que ela estava rindo por conta de seu tom de voz. "Como você está?"
"Era pra estar melhor."
"Porquê era?"
"Gabriel piorou minha situação, já estava fodida e ele conseguiu piorar."
"Esse ódio dele por você não tem jeito."
"Eu não entendo ele, já tentei, mas não entendo."
"Ah, eu sei bem como é isso, não tem como entender, Jenn."
"Pois é... Agora sei que meu nervo pode estar inflamado, vou ver amanhã na fisioterapia."
"Está fazendo fisioterapia?" Perguntou num tom exaltado, como se fosse coisa de outro mundo.
"Sim, qual o problema? Preciso me recuperar logo."
"Sei lá, só é... estranho."
"Estranho? Não tem nada de estranho e até que o fisioterapeuta é meio gato."
"Safada?! Qualquer dia desses eu te acompanho nessa sua fisioterapia." Riu. "Mas, fora isso, quais as novidades?"
"Ryan Nassif."
"Quem?"
"Um cara gato."
"Ta pegando?"
"Claro, Jennifer Ann não está morta." Ri.
"Mas você veio mais assanhada desse hospital do que antes, meu Deus!"
"Sou a mesma de sempre, não viaja." Fiz uma pausa rápida. "Vou tomar um banho antes de o meu irmão chegar, a gente se vê."
"Ok, quero saber desse tal Nassif."
"Pode deixar."
-
No meio do meu banho, que tentava mas estava longe de ser relaxante, Jake chegou e já saiu me chamando pela casa, odiava quando ele fazia isso.
"O que é, Jake?" Fechei o chuveiro e peguei minha toalha do suporte.
"Só queria saber se estava em casa." Ele disse por trás da porta.
"Claro que estou, pra onde eu iria com a perna fodida desse jeito? Estou sem moto, esqueceu?" Passei a toalha pelo cabelo pra tirar o excesso de água.
"Só me preocupo, grossa."
"Não enche, já me irritou de manhã."
- POV Jake -
Não havia garota mais grossa que a Jennifer, mas não tinha como ignorá-la. Por mais grossa e insensível que houvesse se tornado, não tinha como, ela era minha irmã e eu a amava, não tinha como não amar a garota que foi minha metade durante a vida toda. Um sorriso estampou meu rosto por ver as flores num vaso na mesa da sala de jantar, ela não era de tudo insensível. A minha irmã ainda estava dentro da armadura... Me joguei no sofá depois de um dia exaustivo na loja de pranchas, ok, não era tão lotado de serviço, mas polir as pranchas levavam de duas a três horas em cada pra que ficassem perfeitas. Ainda era eu quem fazia as entregas quando Jhonan não estava e hoje tinha sido um dos dias em que ele não estava. Mas eu não gostaria de trabalhar em nenhum outro lugar, essas coisas que envolviam praia eram minhas favoritas, não conseguia me ver organizando papéis ou servindo pessoas em restaurantes.
"Fala, Jake. Fala..." Jenn desceu, absorvendo o excesso de água dos cabelos em uma toalha.
"Nada, só queria saber se estava em casa."
"Já sabia que eu estava."
"É, eu já sabia, só queria falar com você, pra saber se ainda estava nervosa."
"Com você? Claro."
"Então, desculpa pelo o que disse."
"Deixa eu pensar?" Sentou no outro sofá com as pernas dobradas. "Hm... Não."
"E se..." Sentei do lado dela. "...eu pegar o pote de sorvete sonho de valsa que eu te trouxe?"
Ela riu. "Depois de comer eu penso."
"Assim não vale."
"Vai logo, Jake."
Ela parecia uma criança às vezes, com seu lado brincalhão, e eu adorava isso, me sentia mais próximo do que ela era antes. A única coisa que eu odiava era que nenhum de nós conseguia fazê-la chegar tão próximo da antiga realidade quanto o idiota-tatuado havia feito, nunca tinha visto minha irmã tão feliz como era quando estava ao lado dele, mas eu, particularmente, não gostava do relacionamento deles. Não havia me aprofundado em conhecer o cara, mas não gostava, desde quando nos cruzávamos nos corredores da escola, antes mesmo de ele se aproximar da Jenn, já não ia com a cara dele, depois só foi piorando. No meio da nossa maratona de sorvete, a campainha tocou, fui abrir e dei de cara com a Jullie.
"Lawson." Cruzou uma perna por cima da outra.
"Jullien." A encarei.
"Como vai a vida?"
"Bem melhor que a sua, garanto."
"Não daria tanta certeza pra sua afirmação."
"O que quer aqui?"
"Falar com você que não é... Jennifer está aí?"
Abri espaço, apontando pro sofá com meu braço esticado, ela passou se esbarrando por mim e sentou ao lado da Jennifer. Já sabia que seria totalmente excluído da conversa, então subi pro meu quarto pra descansar um pouco.
- POV Cody -
Mudanças são totalmente necessárias em nosso processo de desenvolvimento pessoal, e a minha mudança, não só mental, mas mudança de fato estava vindo pela segunda vez. Estava um pouco esperançoso com a dessa vez, tinha que aprender a me virar longe da minha família e essa parecia ser uma boa hora pra isso, afinal já estava com 22 anos, não era mais hora de ficar nas asas da mamãe, dependendo dela pra passar e lavar minhas roupas e fazer minha comida. Estava enchendo a quarta mala com algumas coisas, quando Alli entrou no meu quarto, levando tudo o que tinha em sua frente.
"Cody, você não pode ir! Não pode."
"Já decidi, Alli." Balancei a cabeça enquanto colocava meus livros do Harry Potter um por um na mala. "E, também, vai ser melhor pra mim."
"Claro que não!" Bufou, deixando as mãos caírem em suas pernas. "Vai abandonar seus planos? Tudo o que sempre lutou pra tornar realidade, seus projetos... Onde fica tudo isso?"
"Já arrumei um trabalho por lá, na verdade fui convidado por email, vou juntando um pouco de meu salário por mês e logo conseguirei, você vai ver." Abri um sorriso pequeno, bem pequeno mesmo. "Não vou desistir assim de tudo, também vou pegando alguma prática por lá, podem ter coisas diferentes, não sei."
"Não quero ficar longe de você."
"Pode ir me visitar, Alli, Miami não é tão longe assim."
"Pode deixar que eu vou mesmo. Não vai se livrar de mim tão fácil." Abracei ela e beijei o lado de sua testa. "E eu não quero."
"Acho bom mesmo." Me empurrou de leve. "Quer alguma ajuda?"
"Não, já estou quase acabando." Disse ao olhar ao redor e ver meu quarto vazio.
"Vai embarcar amanhã?"
"Às 03hrs."
"Meu Deus! Vai chegar que horas lá?"
"11hrs, contando no fuso horário de lá."
"Já acertou onde vai ficar?"
"Sim, e eu já te disse isso." Ri.
- POV Jenn -
"Estamos muito paradas ultimamente, estou precisando de jóias novas." Me analisou. "E você também está." Entortou o lábio com desdém. "Vamos às compras!"
"Compras?" Arregalei um pouquinho os olhos, sabendo bem o plano.
Ela apenas riu, sem querer responder meu comentário. "Vou ligar pro Chaz e pra Bea, eles estão na área, vão ajudar. E, bom, Chaz está me devendo uma."
"O que fez pra ele?"
"Coisa pouca, ajudei num carregamento pra passar pela fronteira, só tive que falar com o Diego e ele cuidou do resto."
"Tecnicamente, ele deve pro Diego."
"Quem se importa?" Deu de ombros e pegou seu celular no bolso.
Jullie combinou tudo com Chaz e Bea, os dois estariam numa joalheira  a meia hora de onde estávamos, beirando a cidade vizinha. Lá não se tinha muita segurança, quase nenhuma na verdade. Ela não foi muito rápido, demoramos tempo suficiente pra chegarmos antes e vermos alguns modelos de pulseiras e anéis.
"Estão querendo algo específico ou apenas dar uma olhada?"
"Estamos vendo os que chamam atenção." Disse.
"Mas me parece que naquela joalheira do shopping tem peças mais glamurosas." Jullie comentou comigo baixo, mas numa altura em que a vendedora conseguisse nos ouvir.
"Posso mostrar pra vocês algumas peças exclusivas, podem se interessar."
"Pode ser." Deu de ombros.
Chaz e Bea entraram na loja no exato momento que a vendedora nos levou pra uma outra bancada, nela tinham jóias de irradiar os olhos de qualquer um. Jullie escolheu ver três pulseiras, ela destrancou e tirou-as pra ela. Fiquei prestando atenção nos dois, como quem não quer nada.
"Vamos nos casar, queríamos ver as alianças que vendem aqui."
"Qual a faixa de preço de vocês?"
"A maior/menor possível." Se contradisseram e a vendedora esperou uma resposta que combinasse.
"Eu quero uma aliança cara, isso não é justo! Tem que me compensar pelo anel de noivado vagabundo que me deu."
"Jade, pegue alguns modelos no estoque pra mim?" A vendedora que os atendia pediu pra ruiva que nos atendia.
"Esperem um minutinho, eu já volto, podem ir vendo outros modelos."
Me certifiquei de não tinham câmeras de segurança ali, a única ficava próximo de onde a vendedora ruiva havia entrado, não conseguia captar onde estávamos e, pelo conhecimento que tinha, vi que ela aparentava estar desligada. Ótima segurança pra loja, ri comigo mesma.
"Já decidiu?"
"Essa." Apontou.
Com a ponta dos dedos bem leves, ela deslizou a peça pelo balcão até a ponta, onde teve queda livre pra sua bolsa.
"Vamos embora." Disse baixo.
"Não! Pega algo pra você."
"Não se preocupe comigo, não quero correr o risco de nos pegarem."
"Larga de ser medrosa, Jennifer." Sussurrou ainda mais baixo e demorou um pouco até olhar prapra outra vendedora. "Pode ver algo pra minha amiga?"
Prontamente, ela levantou de onde estava sentada e veio até nós. "Já escolheu alguma?" Pegou as duas pulseiras de cima do balcão e as colocou de volta em seus devidos lugares.
"Ainda não." Mordi o lábios inferior.
"Olha essa daqui." Jullie apontou pra uma de ouro com rubis bem pequenos em alguns espaços, era perfeitamente desenhada e meus olhos brilharam. "Mas talvez essa ou essa." Apontou pra outras duas, das quais nem me preocupei de olhar muito.
A moça as tirou e colocou no mesmo lugar das outras duas. Chaz e Bea discutiam do outro lado da loja, mas o nervosismo impedia-me de ouvir o que estava acontecendo.
Na troca entre as duas vendedoras, Jullie pegou a primeira pulseira e colocou no meu bolso com toda a discrição que ela tinha, sabendo que eu travaria. Levantei uma outra pulseira pra olhá-la melhor, analisei-a com certo desdém, apesar de ser linda.
"Acho que não nos agradou." Disse. "Voltamos num outro dia pra vermos se tem algo que nos agrada."
"Tudo bem, tenham uma boa noite." Jade sorriu, gentil.
Saímos da loja e entramos no carro, torcendo pra que ela não desse falta de nada até que estivéssemos longe, ou que nem desse falta. Estacionamos em um bar no meio do caminho entre as duas cidades e Jullie avisou pros dois onde estaríamos. Pegamos uma mesa do lado de dentro, bem próxima dos barmans. Não demorou 40 minutos pra que os dois estivessem se juntando a nós.
"Um brinde à nós!" Chaz ergueu seu copo e brindamos.
"Principalmente ao Chaz que não me deixou ficar sem nada." Bea sorriu enquanto mostrava um anel de brilhantes.
"Uau!"
"Eu acho que vocês deveriam se assumir logo, sabe?"
"Jenn?" Conhecia a voz perfeitamente, assim que olhei pra trás, Ryan estava lá.
"O que faz aqui?"
"O mesmo que você." Riu de leve, erguendo seu copo.
"Ah..."
"Que falta de educação, Jenn, apresenta o gato."
"Esse é o Ryan. Ryan, esses são Jullie, Bea e Chaz." Apontei pra cada um.
"E aí." Ele acenou, com o sorriso encantador aparecendo em seu rosto encoberto pela leve escuridão.
"Senta aqui com a gente." Jullie chamou e eu a encarei.
"Ele deve estar com os amigos ou com alguém."
"Na verdade, não." Bebeu um gole do conteúdo em seu copo. "Posso falar com você?"
"Claro, Ryan."
Bebi mais um gole da batida em meu copo e me levantei, indo até ele, fomos pra um lugar mais reservado, na verdade o corredor dos banheiros. O bar não estava muito cheio, mas era melhor pra conversar.
"Porque não retornou minhas ligações?"
"Não senti necessidade, não temos nada sério. Estou fugindo do termo "amor", não se iluda."
"Mas eu fiquei preocupado contigo, também fujo de relacionamentos."
"Acho bom, muito bom." Ri. "Mas, enfim, estou bem, ok?"
"Estou vendo." Sorriu, alisando minha cintura com os olhos fixos nos meus.
Sorri sapeca e ele me puxou pra si, selando nossos lábios, nossas línguas iam em perfeita sincronia uma com a outra e uma de suas mãos estava no meio de meu cabelo. Voltamos logo pra mesa, pra não ser motivo da Jullie vir atrás de nós, ela era um pouco curiosa, nada absurdo, mas era. Ryan sentou conosco e renovamos a rodada de bebidas.
"E aí, onde se conheceram?" Bea perguntou.
"Ele é amigo do Harry, mas não temos nada sério, se é isso que está pensando."
"Não estou, eu te conheço, Jenn."
Ficamos numa conversa animada no bar, na hora de ir, ao invés da Jullie me levar pra casa, Ryan que se propôs, não me opus a isso. Jake estava jantando quando cheguei, não dei muito atenção e subi direto pro quarto. Mais algumas ligações do Harry lotavam meu celular, mas como tinha uma sms, resolvi respondê-la, era mais fácil.
Harry: "Estou embarcando hoje a noite pra casa dos meus pais em New Jersey, preciso de um favor."
Jenn: "Que favor?"
Harry: "Um amigo meu de Los Angeles vai se hospedar em casa, recebe ele pra mim? Ele vai embarcar amanhã de madrugada."
Jenn: "Você inventa, heim? Mas tudo bem... Então amanhã eu durmo lá."
Harry: "Muito obrigado, vou ficar te devendo essa."
Jenn: "Não se preocupe, não teria nada pra fazer mesmo. Vai ficar muito tempo?"
Harry: "Não, vou passar o aniversário da minha mãe com ela, volto no mesmo dia que ele vai estar aí."
Jenn: "Ah, entendi."
Harry: "Vou pra sala de embarque agora, boa noite <3"
Jenn: "Boa viagem, baby <3"
Tomei um banho, coloquei meu baby-doll e me deitei. Peguei um livro que estava lendo no criado-mudo e abri na página, eu ainda tinha meu lado sonhadora e os livros sempre ajudaram na minha vida. Perdi a hora no meio das letras, eram quase 03hrs quando olhei pro relógio preso na parede de frente. Bastou eu deitar a cabeça no travesseiro pra ver o quão cansada estava. Apaguei na hora. O dia seguinte começou do mesmo jeito que todos os outros, uma típica discussão com Jake no café, mas mesmo assim ele me levou pra fisioterapia, o médico estava com outro paciente e, se eu quisesse me consultar, teria que esperar. Era o jeito. Esperei por mais de meia hora na sala de espera, gente ia e voltava de um lado pro outro, uns melhores e outros piores, mas iam e viam.
"Por mais alguns centímetros, você poderia ter rompido o nervo da perna, não pedi pra senhorita ficar em repouso?" Ele disse depois de me examinar.
"Eu tenho coisas a fazer."
"Garanto que a sua saúde é mais importante, se romper o nervo vai ser ainda pior, melhor se cuidar."
"Vou me cuidar, ok? O problema foi que me excedi e acabei indo correr."
"Correr? A senhorita está maluca?"
"Foi uma situação de risco, não foi por mal."
"Agora vai ter que se cuidar ainda mais, pode fazer isso?"
"Sim, claro, mas eu vou poder andar, né?"
"Sem correr, sem se esforçar."
"Ok, posso ir pra fisioterapia?"
"Não, hoje não vai pra fisioterapia, prefiro fazer uma massagem e enfaixar pra que não esforce tanto."
"Se você diz..." Dei ombros.
Uma enfermeira foi chamada e fez a massagem na minha perna com um creme à base de cânfora, adormeceu o local com uma leve queimação, mas a dor ia passando. Uma faixa foi enrolada na minha perna toda bem forte, quase impedindo totalmente os movimentos, dai fui dispensada. Peguei um táxi no ponto que ficava na frente do hospital e ele me deixou na porta de casa, não conseguiria ir andando com a força da faixa. Me joguei na cama e por lá fique, não estava com um pingo de fome pra ir comer, então nem me preocupei com esse detalhe. Me levantei já era de tarde, troquei de roupa, como uma maçã e sai de casa rumo à farmácia. Sempre achei que eles deviam abrir uma farmácia mais perto de casa, era perto da praia a mais próxima e a outra era em um local onde eu não gostava de passar... Comprei uma pomada com cânfora, alguns comprimidos pra dor muscular e faixas, aproveitei pra comprar algumas balas e chocolates light que estavam no caixa, eu adorava os doces daqui. Passei no mercado pra fazer umas compras básicas, Jake não tinha ido às compras esse mês e estávamos quase sem nada por lá. Cheguei junto com o carro do Jake, que acabara de estacionar, ele estava tenso e isso, meio que, me preocupou. Nada foi dito, arrumei todas as coisas no armário da dispensa e me sentei ao lado dele, suas mãos apoiavam seu rosto, fazia tempo que não o via desse jeito.
"Jake?" Sentei do lado dele. "O que te preocupa?"
"Nada..."
"Vai esconder de mim?"
"Depois eu te conto, ok? Tenho que ver umas coisas antes."
"Devo me preocupar?"
"Ainda não sei." Suspirou. "Quer ajuda na cozinha?"
"Ainda está cedo pra jantar, não acha?"
"Você quem sabe, vou sair pradaria uma espairecida de noite."
"Você está bem, mano?"
"Tô bem, já te disse."
"E quem foi que disse que eu acreditei?"
"Enfim, não importa, eu vou sair."
"Pra onde, posso saber?"
"Eu sou o mais velho aqui, pode parar."
"Tecnicamente, são só dois minutos de diferença, não se vanglorie."
"Já é uma grande diferença, novinha." Passou um braço envolta de mim. "Como foi na fisioterapia?"
"Não foi, passei em consulta, dai o médico disse que não era pra eu fazer por conta do meu nervo estar quase em estado crítico."
"Como é que piorou sua situação?" Arqueou uma sobrancelha.
"Andando, dormindo, vai lá saber..." Dei de ombros.
"Transando com o Ryan, vai saber." Me imitou.
Dei um tapa estalado em seu braço depois de sentir minhas bochechas corarem com extrema vergonha, dividia tudo com meu irmão, quase tudo, mas sexo não era um assunto sobre o qual não conseguia me abrir pra ele, era estranho isso, totalmente estranho.
"Vai dizer que é mentira?"
"Cala a boca, garoto." Ri, sem graça.
"Não falo mais nada, vou lá tomar um banho pra sair."
"Não me disse aonde vai!" Disse mais alto quando ele estava no tipo da escada, mas não tive resposta.
Jake se arrumou com um estilo de roupa mais pra balada, então já tinha certeza de pra onde ia, assim que ele saiu, liguei pra pizzaria e pedi uma pizza pequena. Demorou quase 40 minutos pra chegar, enquanto isso minha cabeça trabalhava pensando na minha família, em especial na minha irmã, ela faria 5 anos em dois dias e era provável que eu não pudesse vê-la, a menos que combinasse algo com meu pai em segredo. Pensei. Pensei mais. E acabei ligando mesmo.
-
"Alô?"
"Pai?"
"Jenn?" Sua voz trazia-me toda a surpresa que ele sentia no momento.
"É... Ahm... Obrigada pelas flores."
"Não foi nada, você está melhor?"
"Sim, minha perna está com o nervo inflamado, mas, fora isso, sim." Fiz uma pausa rápida. "Mas eu não liguei por isso."
"Aconteceu algo?"
"Não... Eu só queria pedir pra ver meus irmãos no dia do aniversário da Poppy." Estava tremendo um pouco, isso fez com que minha voz se embargasse na fala.
Ele não respondeu de imediato, um silêncio tomou o telefone e fez com que eu questionasse a mim mesma em se estava fazendo certo. "Sua irmã vai adorar, onde nos encontramos?"
"Hm... Depois de amanhã no shopping perto de Miami Beach, pode ser? Depois vemos se vamos pra outro lugar."
"Ok, como você quiser, ela estava meio triste por sua mãe ter que trabalhar no dia, agora ela não vai conter o sorriso no rosto. Sabe que ela fala de você o dia inteiro, não sabe? Poppy sente muito a sua falta, Jenn."
"Eu sei, pai..." Suspirei. "Mas então está combinado?"
"Claro, que horas?"
"10h30? Não vou fazer nada."
"10h30 estaremos lá, qualquer coisa ligue, filha."
"Ok."
-
Meu coração disse eu te amo em completo silêncio, mas ele sabia disso, no fundo ele sabia. Deixei o telefone em sua base e subi pro meu quarto, já estava totalmente atrasada pra ir pro apartamento do Harry, não sabia a que horas o tal amigo chegaria no apartamento, então tinha que estar pronta por lá. Deixei um bilhete na geladeira pro Jake, joguei uma troca de roupa e meu pijama na bolsa junto com algumas outras coisas e saí de casa. Porra, tinha que lembrar de mandar a moto pro concerto, essa vida de ir apé pra todo canto não estava sendo muito boa. O apartamento estava todo bagunçado, como sempre, tinha que dar um jeito por ali antes do tal amigo dele chegar, não causaria boa impressão. Guardei as roupas espalhadas, joguei as embalagens de comida fora, lavei a pilha de roupas que estava na pia e deu uma ajeitada básica no quarto de hóspedes. Depois décimo banho relaxante, fiz um pouco de pipoca e deitei pra assistir um filme que passava, não prestei atenção no nome e em quase nada do filme, dormi pouco depois.
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oi pessoal, sei que eu demorei pra postar, mas anda tudo muito corrido pra mim, por conta da escola e tal... não vou prometer que posto o próximo muuuuuito rápido, mas ele já está quase que todo pronto, então vou esperar só os comentários de vocês e tal. E ai, quais os planos do Cody que a Alli mencionou? Como vai ser a chegada dele? Em que papel ele vai entrar? hahahhaa O que acham que vai acontecer? ESPERO QUE TENHAM GOSTADO, OK? COMENTEEEEM! XOXO <3



quarta-feira, 5 de março de 2014

Capítulo 3 - "do you want me?"

Mesmo sem ligar pro Harry pra perguntar, fui direto pro apartamento dele pela manhã, o caminho pra ir pro trabalho do meu irmão passava por lá, comecei a ter alguns pontos de memória quando passei por aquelas ruas, os pelinhos desde minha nuca até meus braços se arrepiaram por inteiro.
"Onde foi meu acidente?"
"Perto da loja de pranchas, na rua da praia mesmo."
"Isso explica você do meu lado."
"Eu vi todo o acidente, mal imaginava que era minha irmã." Arranjou uma vaga em frente ao prédio e estacionou. "Liga aí pra ele descer, que já estou atrasado, ah, e passa na loja mais tarde, se estiver se sentindo bem, o pessoal quer te ver."
"Ok." Beijei o rosto dele. "Bom trabalho, Jake."
Nem liguei pro Harry descer, pedi pra que o porteiro interfonasse direto, ele já me conhecia, afinal, estava sempre ali, mas se subisse a essa hora da manhã pra tocar a campainha, Harry se assustaria. Subi até o 14º andar e a porta do apartamento dele já estava aberta, a mesma era de frente pro elevador.
"Que surpresa!" Beijou meu rosto e depois puxou o cabelo pra trás, só aí eu percebi a puta cara de sono dele.
"Desculpa ter te acordado, Jake foi trabalhar e não queria me deixar sozinha."
"Não se preocupe, já estava quase na hora de acordar, se não se incomodar, o pessoal vai vir fazer um trabalho aqui."
"Não tem problema." Disse ao entrar. "Se tiver uns gostosos, melhor ainda."
"Você não tem jeito." Riu e fechou a porta atrás de si.
"Aquele tal do..." Tentei lembrar o nome do garoto, mas já fazia muito tempo que ele tinha falado.
"Ryan?"
"Isso!" Apontei pra ele, como se tivesse acertado algo muito importante. "Ele vem?"
"Vem, mas vamos fazer trabalho."
"Não tem problema, olhar não tira e nunca tirou pedaço." Mordi o lábio.
"Não vai dar encima, viu?"
"Eu? Longe de mim." Levantei os braços.
"Claro, bem distante." Riu. "Quer comer o que?"
"O que tem pra comer?"
"O típico café americano, pode ser?"
"Pode ser, quer que eu faça?"
"Não, eu vou cuidar de você, não pode fazer esforço."
"Desde quando fritar ovo e bacon é esforço?"
"Vai deitar lá no sofá, vai." Me empurrou levemente em direção ao sofá.
Bufei, mas aderi ao que ele pediu e me deitei, estiquei o braço até a mesa de centro e peguei o controle, nada pra ver na tv, muita novidade... O pacote dele tinha mudado e poucos canais estavam abertos e, pela manhã, não se passava nada além de noticiários neles, os mesmo passavam os crimes que pareciam ser os mesmos todos os dias, era monótono assistir a eles e pensar em tudo o que rolava por Miami afora e por todo o mundo, vários inocentes perdiam suas vidas da noite pro dia ou as jogavam fora, tal como o que tinha acontecido comigo. Comecei a pensar sobre a vida de algumas pessoas da qual eles já tinham tirado, por mais que eu não tivesse visto, sabia que já tinham feito, me matava pensar que, de certa forma, estava envolvida também.
"Está tudo bem, anjo?"
"Tudo, só estava pensando." Desliguei a tv, mas ainda permaneci olhando pra tela preta.
"Bom..." Bateu os braços nas próprias pernas. "Vou fazer seu café, deve estar com fome."
"Não muita, na verdade."
"Acho que seus pensamentos não te fizeram muito bem."
"Fica tranquilo, estou bem, vou te ajudar na cozinha."
"Não precisa, já te disse."
"Posso ao menos sentar e observar?"
"Isso pode."
Me sentei numa das banquetas e fiquei olhando enquanto ele fritava os ovos e o bacon em frigideiras separadas, mas ao mesmo tempo. Girava de um lado pro outro enquanto sentia minha perna repuxar, mas isso poderia melhorá-la, já havia sido assim antes.
"Que horas é a fisioterapia?"
"9h30."
"Eu te levo e fico lá com você."
"Não precisa, seus amigos não vão vir aqui?"
"Vão, mas eu passo no Ryan e deixo a chave com ele."
"De jeito nenhum! Você só me leva, eu fico lá."
"E como vai voltar?"
"Andando, eu sei andar, muito bem por sinal." Pausei. "Ou eu posso levar a bicicleta e voltar com ela."
"Quer que eu te interne agora ou depois que fraturar mais a perna?"
"Não vai dar nada, eu sei o que eu faço."
"Te levo e te busco, fim de papo."
"Ok..." Disse pra acabar esse assunto.
Ele acabou o café e arrumou a mesa pra comermos, estava tudo torto na mesa, mas o que valia era a intenção e, em questão de gosto, até que a comida estava boa. Ok que pra fritar bacon e ovo só se precisava de óleo, mas ele levava jeito pra não deixar encharcado e tal. Voltei pro sofá depois de comer, ele veio comigo e sentou ao meu lado, deitei a cabeça em seu ombro e ele passou o braço ao redor de mim.
"Que bom que está aqui." Beijou minha cabeça. "Não sei o que faria sem você, sabia? Quem me acordaria às 8h só pra não ficar sozinha?" Riu de leve, me apertando.
"Poderia arrumar outra melhor amiga, talvez a Hay." Dei de ombros.
"Eu adoro a Hay, adoro mesmo, mas ninguém no mundo te substituiria."
"Awn." Beijei o rosto dele. "Não preciso dizer que você é o melhor."
"Pode dizer, sabe?"
Ri da cara que ele fez. "Você é o melhor, baby, sempre vai ser."
"Hm, agora sim."
Exatamente às 9h, ele me levou pro hospital, insistiu pra que eu o deixasse ficar, mas eu odiava atrapalhar as pessoas e pior, saber que eu estava atrapalhando. Desci pra sala de fisioterapia, onde o doutor me esperava, ele não era muito simpático, mas era bonito, olhos castanhos um pouco claros e cabelos castanhos, parecia ter um bom físico por baixo daquele jaleco. Não fazia a mínima ideia do que estava fazendo, ele mandava e eu repetia no equipamento, mesmo com pontadas repuxando minha perna quase sempre, estava tão exausta às 11h30 que ele resolveu me dispensar.
"Posso mesmo ir?"
"Pode, claro."
"Obrigada."
"Se precisar alguma coisa, me ligue." Me entregou um papel. "E não se esqueça dos cuidados básicos."
"Pode deixar, vou me cuidar direitinho, doutor..." Tentei captar o nome dele.
"Pierre, Pierre Jones."
"Pelo que me lembre, não era Pierre não."
"Me chamam de Jones, mas posso abrir uma exceção pra você."
Dei um risinho quase sem som e me virei na direção da porta pra tomar meu rumo, ele não impediu e nem disse mais nada. Ganhar cantada de fisioterapeuta, só comigo mesmo... Comprei um suco de lata na lanchonete do hospital e fui pro prédio do Harry, andando nos meus passos contados e doloridos. Toquei a campainha e quem vem abrir é Ryan, estampo um sorriso pervertido no rosto e ele faz o mesmo.
"Jennifer."
"Oi, Ryan."
"Veio me desconcentrar do foco?"
"Hm... Talvez." Ri de leve. "Brincadeira, estava aqui mais cedo, só voltei de onde fui."
"Fiquei sabendo do acidente." Deu de ombros com a mãos viradas com as palmas pra cima. "Sinto muito, mas que ótimo que está bem."
"Sabe aquele ditado de que vaso ruim não quebra? Então... Mas, aí, eu posso entrar ou vai me barrar na porta?"
Ele riu, coçando os olhos, e bateu em minha bunda assim que passei por ele. "Gostosa como sempre."
"Tarado como sempre."
"E aí, como foi?" Harry perguntou assim que eu passei pelo hall.
"Exaustivo, mas consegui sair mais cedo, pelo menos." Sentei no sofá ao lado dele. "Oi, pessoal." Acenei pros outros três que estavam ali.
"Que namorada linda, heim, Harry? Estourou." Um deles, que eu nunca tinha visto na vida, riu.
"Ela não é minha namorada, cara."
"Então a gatinha está disponível?"
"Depende pra quem." Disse. "Enfim, podem fazer aí o que tiverem que fazer que eu fico bem quietinha."
Fiquei mais tempo no quarto vendo tv do que na sala, essas coisas de trabalhos escolares eram chatos e eles discutiam a todo momento, isso me irritava. Quando voltei pra sala, os garotos já tinham ido, apenas Ryan estava ali, mas já estava de saída também. Ele me pediu pra que o acompanhasse até o elevador, já imaginava suas intenções. Mal fechei a porta e ele me encurralou na parede, tomando meus lábios com os seus. Eu era um pouco louca por ele, mas como não ser? Ryan é uma espécie de deus grego, estaria doente se não tivesse pensamentos hiper safados com ele, ainda mais por ser privilegiada pelos olhares dele, na verdade não só olhares, já havíamos ficado algumas vezes.
"Você me quer, tanto quanto eu te quero?" Mordi o lábio inferior, com os braços entrelaçados no pescoço dele.
"Eu preciso te responder?" Beijou meu pescoço com intensidade, enquanto apertava minha cintura.
"Precisa." Fechei os olhos, aproveitando o toque dele.
"Quero você, loira, vou acabar contigo."
"Hm... Assim não vai ter mais de mim pra outra vez."
"Pode deixar que eu sei bem o que faço." Mordeu meu ombro e subiu os doces lábios por meu pescoço, parando em meu rosto.
"Me pega às 19h?" Me afastei, fazendo-o ficar com uma cara de tacho.
"Eu achei que..."
Interrompi. "No quarto do Harry? No apartamento dele? Sério?" Cruzei os braços.
"É, não vai ser muito confortável, janta comigo, então?"
"Se for no seu apartamento... Não posso correr o risco de ser vista por alguém enquanto estou pelas ruas."
"Até parece que está fugindo da polícia." Riu.
"Da polícia não, mas de alguém sim."
"Está devendo ou não entregou?"
"Nenhuma das duas coisa e isso não te interessa."
"Grosseria."
"Sou grossa mesmo, todo mundo sabe."
"Eu sei, me excita ainda mais."
"Guarde sua excitação pra de noite."
"Pode deixar." Virou meu rosto em sua direção com a ponta dos dedos e selou meus lábios com um beijo envolvente.
Assim que ele entrou no elevador, encostei na parede e mordi meu lábio inferior, pelo menos uma coisa estava boa depois desse acidente. Tinha combinado com Harry de irmos até a loja de pranchas depois de os garotos irem embora, então ele já estava me esperando. Insisti pra irmos andando, mas ele me deu uma bronca por, segundo ele, já ter andado muito e acabamos indo de carro. Já na porta, Jhonan, dono da loja, não muito mais velho, devia ter uns 27 anos, loiro, alto, com a barba por fazer e o corpo atlético como de todos os surfistas por aqui, veio nos receber com um sorriso no rosto.
"É um milagre ver você aqui, garota, quase sem nenhum arranhão ainda mais." Não tirou o sorriso do rosto enquanto dizia. "Eu vi seu acidente, era quase impossível acreditar que se recuperaria tão rápido."
"Vaso ruim não quebra." Dei um pequeno sorriso. "Meu irmão disse pra eu passar aqui por vocês estarem preocupados e blábláblá."
"Estávamos mesmo, deixei ele à vontade esses dias pra cuidar de você."
"Muito gentil da sua parte." Tratei de mudar o assunto, não era pra me acharem gentil por ali. "Meu irmão, cade?"
Harry me cutucou por meu tom de voz ter saído meio alterado.
"Está polindo uma prancha pra entregarmos hoje a tarde."
"Podemos ir lá?"
"Claro, nos fundos, sabe onde é."
"Sei, obrigada."
Passamos por dentro da loja, onde os outros dois funcionários, Joy e Tyler, vieram perguntar como eu estava, dizer as mesmas coisas que o Jhonan tinha dito... Passamos pelo estreito corredor até sairmos na parte dos fundos, separada da loja por um espaço do lado de fora. Jake polia uma prancha bem desenhada, colorida com vermelho, branco e preto.
"Que trabalho bom, heim." Encostei na parede.
"Oi, Jenn." Levantou a cabeça e sorriu. "Oi, Harry."
"Está fazendo um bom trabalho com a prancha."
"Acha? Só estou polindo, o trabalho aqui não foi meu." Riu de leve e balançou a cabeça.
"Que vontade de surfar, cara."
"Também me deu, vamos surfar então, baby?"
"Tá maluca? Acabou de sair do hospital, não mesmo."
"Também não concordo." Jake deixou a lixa de lado e deu a volta na mesa pra chegar mais perto de nós. "E você não vai."
"Eu já estou bem, estou ótima, na verdade." Revirei os olhos. "Parem de cuidar da minha vida, eu odeio isso."
"Você não sabe cuidar sozinha, então..."
"Af, vocês são chatos."
Não demorou pra que eu e Harry fossemos embora, mas não fomos pro apartamento, ao invés disso, seguimos pra uma sorveteria em frente à praia. Peguei um milkshake de maçã com canela e Harry montou uma casquinha com três bolas de sorvetes diferentes com calda quente for cima pra completar. Fiz uma careta engraçada ao olhar aquela mistureba que ele tinha feito e que comeu com todo o gosto. Dai as horas pareceram voar, Harry me levou pra casa às 18h, não tive muito o que fazer pra me arrumar, coloquei uma roupa como essa:
Eu adorava o estilo roqueiro de se vestir, era moderno e me realçava, roupas curtas e apertadas sempre eram peças chaves do meu guarda-roupa, deixei o cabelo solto e não me preocupei com maquiagem, particularmente, não curtia mais isso, passar mais de uma hora escolhendo combinações do sombra com batom, não era mais a minha. Guardei minhas coisas numa bolsa de franja preta, saquei um cigarro do maço e o acendi no caminho pro andar de baixo.
"Aonde você vai?"
Jake surgiu sei lá de onde e parou na minha frente, impedindo minha passagem. Dei uma longa tragada e olhei pra ele enquanto soltava a fumaça.
"Sair."
"Como assim? Com quem?"
"Com o Ryan."
"Ryan? Sério? Está meio maluca ou totalmente?"
"Eu só quero aproveitar minha noite."
"Tinha que ser com sexo?"
"Hm..." Soltei o ar bem lentamente, fazendo uma pequena nuvem de fumaça em nosso meio. "Aproveitar a noite significa isso. Agora me dê licença."
"Ele vai vir te buscar?"
"Vai, vou esperar do lado de fora."
"Não, você vai esperar aqui."
Pra minha enorme sorte, Ryan buzinou antes mesmo de que eu pudesse discordar, evitando assim maiores problemas. Beijei o rosto do meu irmão e fui pra fora. Uma BMW preta com o teto aberto estava à minha espera, Ryan escorado do lado do motorista com um sorriso no rosto, ele se afastou um pouco do carro e veio até mim.
"Boa noite." Beijei o canto da boca dele, seus braços enlaçavam minha cintura, colando de tudo nossos corpos.
"Ótima noite, loira." Mordeu meu ombro. "Vamos logo ou quer comprar a comida antes?"
"Ainda não comprou?" Apoiei as mãos no peito dele.
"Não, eu não sei o que você come."
"Então deixa a comida pra depois, pode ser?" Usei o indicador pra afrouxar a gola da camisa dele.
"Você faz cada pergunta desnecessária." Riu e contornou o carro pra abrir a porta pra mim.
Em 15 minutos estávamos no estacionamento de um prédio, antes mesmo de chegarmos na escada que dava acesso ao prédio, os beijos tomaram tamanha velocidade e desejo. As mãos dele pesavam em minha bunda, subindo ou descendo de vez em outra. Sua camisa já estava quase toda aberta quando conseguimos entrar no apartamento, meu corpo bateu contra uma parede, me fazendo morder o lábio inferior dele.
"Droga, esqueci da parede, desculpa."
"Não foi nada." Disse ofegante e agarrei os cabelos dele, o fazendo voltar pro beijo.
Ele foi me guiando até o quarto, minha blusa já ia sendo levantada e seus beijos passaram pro meu pescoço. Eu não fazia a mínima ideia de como o apartamento era, então foi difícil me localizar sem me esbarrar nas coisas. Notando meu leve desespero com isso, ele apertou minhas coxas pra que eu as enlaçasse em seu corpo, assim o fiz e fui guiada até a cama. Seu corpo pesou sobre o meu e em questão de segundos minha blusa foi pro chão, seus beijos se direcionaram pra parte de meus seios em que o sutiã não cobria, meu corpo se contorcia a cada chupão com um pouco mais de força. Me ajoelhei de frente pra ele e desabotoei os dois botões que restavam, seu peitoral definido apareceu ainda com mais clareza, mordi o lábio e deslizei as mãos por ele, chegando a encostar em seu membro e voltando. Nossas roupas saíram tão rapidamente de nossos corpos, dando-nos mais liberdade. Meus seios foram envolvidos por suas mãos, os massageando com força moderada, sua boca tomou um de meus seios, a língua contornava o bico e dava leves chupadas, fazendo com que meus olhos se revirassem de prazer. Um caminho foi percorrido de meus seios até minha intimidade, dois dedos me penetraram de uma vez, um gemido se prendeu em minha garganta, meu tesão ia aumentando a cada girada de seus dedos dentro de mim. Troquei de lugar com ele, me ajoelhei nos pés da cama e tomei seu membro com meus lábios,  punhetava a base com leves movimentos, enquanto minha boca juntamente com minha língua fazia o resto do trabalho, ele gemia baixo e segurava em meu cabelo pra manipular os movimentos. O empurrei pra que deitasse e fui por cima, sentei em suas pernas e deslizei as unhas por seu peitoral. Ele colocou uma das mãos na primeira gaveta do criado-mudo e sacou um preservativo de lá.
"Fica de quatro pra mim." Apertou minha bunda.
Fiz o que ele pediu e joguei meu cabelo pro lado pra poder olhar o que ele estava fazendo. Não demorou pra que seu membro me preenchesse, um vai e vem tomou velocidade e ele apertava minha cintura pra ter apoio. Gemia alto, que homem, que pegada... De minha cintura, suas mãos foram pros meus seios, os apertando com força enquanto seus dedos roçavam os bicos entre eles. Atingi meu orgasmo antes dele, mas dei algumas reboladas pra satisfazê-lo.
"Jenn, você é foda." Ele disse ofegante ao cair na cama, deitei ao lado dele.
"Você também não é de se jogar fora." Ri de leve e dei um beijo rápido nele. "Brincadeira."
"Só peladura brincadeirinha, vá pegar um energético pra mim."
"Com todo o prazer, senhor, assim que eu souber onde é a cozinha."
"Tem um frigobar na sala."
Levantei da cama do jeito que estava e fui até a sala, só então fui percebendo como a decoração era linda e extremamente chique, a maioria dos móveis eram pretos e o ambiente branco e bem claro, vários vasos e quadros compunham a decoração. Saquei um cigarro da minha bolsa e o acendi, parei próximo da janela pra fumá-lo, perdi a noção do tempo enquanto observava a cidade, estávamos bem no alto e eu nem tinha percebido. A vista era linda. Levei um grande susto quando Ryan enlaçou minha cintura com seus braços.
"Gostou da vista?"
"Adorei, é linda. Ah, me desculpe, esqueci de pegar o energético."
"Tudo bem, eu já peguei." Mostrou. "É melhor você se trocar, os vizinhos desocupados costumam olhar as janelas e todos correriam pra cá sete vissem assim."
"Posso tomar um banho?"
"Claro, finja queda casa é sua."
Ele me acompanhou no banho, mas não demoramos quase nada. Coloquei a roupa de antes, ele se trocou e descemos pro carro pra irmos comprar comida. O carro do Ryan era igualzinho ao do meu irmão, em questões de limpeza, pintura em ordem, não tinha sequer um arranhão, os bancos de couro também estavam em perfeita organização. Garotos malucos por carro...
"Aonde a senhorita quer ir?"
"Ir não, pega pra gente comer em casa."
"Não, Jenn, porque? Me dá um bom motivo." Cruzou os braços.
"Eu tenho meus motivos, ok? Não preciso ficar dizendo."
"Precisa sim, não me convenceu."
"Ou é isso ou você dá meia volta e me deixa em casa, fim de papo."
Ouvi ele bufar antes de colocar a chave e dar partida no carro. As ruas de Miami, como sempre, estavam movimentadas, principalmente próximo da praia, onde um luau estava acontecendo, todo o mês tinha um, vários jovens se reuniam ali pra assar marshmallows numa das fogueiras, ouvir uma boa música e curtir a noite. Já havia sido do tipo que não perdia sequer um desses, mas agora ia quando dava, por mais que eu não gostasse muito de praia, era um evento legal e onde eu ficava longe dos caras, eles odiavam frequentar esse tipo de coisa.
"Quer parar?" Ryan perguntou ao ver que eu estava olhando vidrada pra lá.
"Não." Dei um sorrisinho de lado, olhando pra ele.
"Se quiser... Eu iria adorar estar nele contigo." Diminuiu a velocidade do BMW, quase parando, um sorriso grande e fofo estampou seu rosto.
"Ok..."
"Isso é um sim?"
"É, é um sim, mas não vamos ficar por muito tempo, por favor."
"Com você pedindo 'por favor' não tem como não fazer." Riu e entrou numa vaga.
"Idiota." Ri pelo nariz.
Descemos do carro e fomos na direção da areia, vários casais estavam sentados abraçados, assando seus espetos com marshmallows, em outros pontos tinham amigos zoando um com os outros. Em certo ponto, fixei meu olhar e meus olhos se encheram de lágrimas ao pensar no Zack, ele costumava vir comigo nos luais e ficamos como esses casais clichês. Passei as mãos pelo rosto, tentando esquecer, mas não deu muito resultado.
"Está tudo bem?" Passou o braço por minha cintura.
"Sim." Balancei a cabeça.
"Quer sentar ali com o pessoal?"
"Prefiro ficar de pé mesmo." Suspirei. "Pega um espeto pra mim?"
"Claro."
Andei alguns passos pra trás e me encostei num quiosque, apoiando meu corpo sob meu cotovelos de costas, olhava o movimento com medo de alguém me ver, algum deles pra ser mais específica, mas ficava um pouco tranquila sabendo que era muito difícil que viessem. Ryan não demorou quase nada, não queria mesmo que demorasse, não estava afim de ficar sozinha por muito tempo.
"Prontinho, senhorita." Me entregou um e ficou com o outro. "Disseram que naquela mesa tem biscoito e chocolate, se quiser." Apontou.
"Por enquanto não, prefiro tradicionalizar."
"Como quiser." Riu.
A noite estava boa, eu adorava a companhia do Ryan, mas algo me incomodava, não conseguia me sentir segura ali, era como se eu estivesse sendo observada, mas tudo o que eu via eram adolescentes se divertindo sem darem a mínima pra mim. Eu devia estar ficando paranóica, era a única explicação útil em que eu acreditava no momento.
"Caralho..." Ryan resmungou baixo.
"O que foi?"
"Aquele cara não para de olhar pra cá."
"Cara? Que cara?" Olhei pra todos os lados, parecendo uma maluca.
"Aquele ali, olha discretamente." Apontou com um meneio de cabeça pro lado dos carros.
Meu sangue congelou antes mesmo de eu olhar pra lá, sabia que não era uma boa ter vindo. Droga! Não era o Diego, talvez fosse ainda pior... Gabriel me odiava, sempre odiou e, com toda a certeza, eu estaria ferrada. Ele veio andando com um sorrisinho sarcástico no rosto e parou à nossa frente, cruzando os braços.
"Ora, ora..."
"Você conhece ele, Jenn?"
"Mas não é a senhorita estou-com-dor-na-perna-e-não-vou-sair?" Coçou o queixo, fazendo um baixo barulho por sua barba por fazer, enquanto entortava os lábios. "Você não vai se dar bem, nada bem."
"Porque está falando assim com ela, cara? Está maluco?"
"É melhor vir comigo, Jennifer."
"Jenn, quem é ele?"
"Ryan, eu tenho que ir, me desculpa, ok?" Dei um rápido selinho nele.
Ele segurou meu braço, seu olhar era de preocupação. "Pra onde você vai? Quem é esse?"
"Eu só tenho que ir."
Gabriel me puxou, fazendo um tranco repuxar meu braço, consequentemente, minha perna também doeu, ainda mais do que o braço, mas não esbocei nenhuma reação. Ele foi todo sorridente no caminho e sem soltar meu braço, já devia estar roxo, quando eu finalmente consegui me soltar.
"Se você correr, eu tenho algumas balas aqui e vou usá-las sem dó e nem piedade, acerte onde acertar."
"Você é ridículo, não sabe o quanto."
"Estou pouco me fodendo pra isso, Jennifer, a única coisa que me interessa agora é ver a cara do Diego assim que eu disser aonde você estava."
"O que ganha com isso?" Parei de andar, o encarando com meus olhos fervendo de raiva.
"Prazer em te ver sofrer, sua puta."
"Você não vale nada." Semicerrei os olhos, balançando a cabeça lentamente.
Ele agarrou meu braço de novo antes de entrarmos no elevador e, assim que entramos na sala, onde Diego estava deitado, ele me jogou pro chão com toda sua força. O grito não conseguiu ser abafado pela mordida em meu lábio, a dor em minha perna foi a pior que já tinha sentido desde que havia saído do hospital.
"Ficou maluco, Gabriel?" Diego se levantou e foi na direção dele.
"Isso não teria acontecido se essa dai não tivesse mentido."
Seu semblante mudou completamente quando ele me olhou. "Você mentiu pra mim?" Me fez olhar diretamente em seus olhos quando puxou meu cabelo. Sem obter resposta, ele intensificou a força. "Me responde! Eu confiei na sua palavra, filha de uma puta."
"Não menti pra você."
"Claro que mentiu! Ela estava na praia." Como eu odeio o Gabriel. "Detalhe, estava com um cara, cheia de amores com ele."
"VOCÊ CHEIROU MUITA DROGA? FOI ISSO, JENNIFER?"
"Estava cansada de ficar em casa, só isso... Fui apenas dar uma volta pra espairecer, se quiser eu te trago meus papéis do médico." Tentei virar minha perna sem que doesse, mas foi impossível. "E agora só vai piorar minha situação." Encarei o Gabriel.
"Eu poderia te dar uma boa lição, você sabe bem disso."
"Estou te implorando, Diego... Te imploro pra que não faça nada, por favor."
"Levanta dai. Gabriel, sai daqui, já fez sua parte."
Ele assentiu e se retirou, dando meia volta. Me apoiei no sofá pra ter firmeza e levantei, mas meu corpo não aguentou por muito tempo e desabou no sofá sem firmeza alguma, afoguei minha cabeça nas mãos pra não encará-lo.
"Porque mentiu?"
"Eu já disse que não foi mentira."
"Não me convenceu."
"Mas já disse o que aconteceu."
"Ser grossa não vai adiantar nada." Se abaixou ao meu lado e apertou meu queixo com seus dedos. "Só vai piorar a sua situação comigo."
"Diego, por favor." Pedi num suplico baixo. "Por favor..."
Com a proximidade que ele estava pude notar que seus olhos estavam levemente avermelhados e ao lado do sofá tinha metade de um pacotinho com cocaína. Seria pior do que eu imaginava se o efeito piorasse o lado agressivo dele.
"Eu quero matar você, eu ODEIO que mintam pra mim!" Arrastou o braço na mesa de centro, derrubando tudo no chão.
Meus olhos ficaram rasos de lágrimas, não tinha tanto medo dele, mas a situação mudava quando envolvia drogas. Ele podia ser violento, tão violento quanto fora em uma dessas vezes, pude perder a conta de quantas bofetadas levei na cara sem poder dar um pio, mas já houveram vezes piores, das quais as cicatrizes são carregadas comigo até hoje.
"Você mentiu." Repetiu. "E sabe o que acontece com quem mente?"
"Por favor." Minha voz já se tornava embargada.
"Por favor é o caralho, acha que vai me levar no papo como sempre? Já deve ser a terceira vez que mente, agora é diferente, Jennifer Ann, eu te disse que seria a última vez."
"Eu sinto muito, me perdoa por essa, apenas por essa. Eu posso recompensar você, faço tudo, tudo o que quiser."
Ele riu. "Voltou a se vender? Que coisa feia."
"ME DEIXA IR!"
O empurrei num ato desesperado e ele me puxou juntou, virando o jogo e ficando por cima. Meu rosto ardeu com o primeiro tapa, e ia ardendo cada vez mais. Me sentia um lixo, um enorme lixo, as lágrimas caiam de meus olhos como a algum tempo não caiam, com desespero, repulsa, dor, ódio... Tinha as piores palavras do mundo pra descrever o que estava sentindo, mas não seriam suficiente. Ele parecia ter tanto prazer em me bater quanto Gabriel tinha em fazer com que isso acontecesse, os odiava e nada nunca poderia mudar isso. Ouvia uma voz em minha cabeça dizendo que estava tudo bem, mas não era qualquer voz, era a voz do Zack e isso me mantinha um pouco mais calma. Não foram muitos tapas e ele dosava a força pra que não marcasse, mas foi o suficiente pra que eu perdesse totalmente a minha dignidade. Não quis saber de olhar pra ele quando saiu de cima de mim,  apenas tomei meu caminho até a porta e me mandei o mais rápido que pude. Corri pelas ruas de Miami até cruzar a minha, apoiei-me em meus joelhos semi-flexionados pra recuperar o ar e andei com mais calma até em casa. Jake estava sentado na sala, seu semblante preocupado se transformou em um sorriso assim que me viu.
"E aí." Sentei ao lado dele, tentando parecer o mais normal possível.
"Aconteceu alguma coisa com você, Jenn?"
"Não, porque está me perguntando?"
"Somos gêmeos, senti algo estranho, como sempre sinto quando está em perigo."
"Não aconteceu nada, estava com Ryan no luau, apenas isso." Deitei a cabeça em seu ombro e passei meus braços ao redor dele, que beijou minha cabeça.
"Tem certeza?"
"Claro que tenho, não seja bobo." Ri pelo nariz.
"Toma cuidado, ta?"
"Eu sempre tomo." Beijei o rosto dele. "Vou dormir."
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oioioi sei que eu demorei pra postar, mas eu estava totalmente sem ideias... o que acharam? gostaram do Ryan? o que acham que vai acontecer? Muita gente tá me perguntando "cade o Cody?", ele vai aparecer logo logo pessoal, achei mais emocionante não colocar logo no começo pklosaloskoals se tiver ideias ou sugestões de algo que queiram/imaginam que possa acontecer, me mandem nos comentários ↓↓↓ ou me mandem por DM no twitter, deixem seus users pra que eu possa conhecer vocês e avisar dos capítulos novos. (pra quem não me conhece, podem me chamar de Manu) POR FAVOR, É MUITO IMPORTANTE PRA MIM SABER O QUE ESTÃO ACHANDO, ENTÃO COMENTEM, OK? PODE SER SÓ UM "CONTINUA" OU COISA ASSIM. XOXO <3