"Vai se viciar, como eu me viciei."
"Eu
quero ser como vocês, que não estão nem aí pra nada."
"Jennifer,
não faz isso! Você não sabe o quanto é ruim."
"Não
deve ser tanto, vocês sempre estão juntos, todo mundo paga pau pra vocês."
"Jennifer..."
Me olhou sério depois de passar as mãos pelo rosto. "Isso não é pra você,
é perigoso!"
"Não
deve ser, Diego gosta de mim."
"Claro."
Ele disse com ironia. "Ele só quer te comer, acorda, garota. Se você se
entregar pra ele uma vez, não será a única vez, entendeu? Ele vai querer te
possuir."
"Porquê
todo esse cuidado?" Arqueei levemente uma sobrancelha.
"Porque..."
Tentou pegar algo pra dizer. "Porque você é frágil."
"Eu
não sou frágil, sou muito mais forte do que imagina."
"Ah,
é?" Entortou um pouco os lábios, como se imaginasse algo.
Ele
levantou e me pegou no colo, me jogando em seu ombro. Soquei suas costas pra
que me soltasse, mas isso não parecia abalá-lo no caminho pro rio ali em frente.
"Não me joga no rio, eu vou
te matar se me molhar!"
"Eu
adoraria ver o que faria pra me matar." Por seu tom de voz, sabia que
estava sorrindo.
"Me
solta, Zack!"
Ele me
colocou no chão, seu rosto ficou quase colado ao meu, com certeza foi sem
querer, mas me senti atraída por seus olhos fixos nos meus. Pude ver o
desconforto dele, mas um sorriso tímido estampou seus lábios.
"Não
ia te jogar, patricinha desse jeito ia odiar ficar molhada."
"Eu
não sou patricinha!"
"É
sim, loirinha, toda maquiada, roupa de marca."
"Só
por isso sou patricinha? Ah, por favor."
"Me
prove o contrário então."
"Vou
provar, você vai ver."
"Vou
esperar sentado." Seu tom pareceu desafiador. "Agora me faz um favor?"
"O
que?"
"Não
se mete com os caras, volta pra sua vida, ok?"
"Mas
eu não quero, eu quero fazer parte."
Zack
segurou meu pulso, sem apertar muito, mas o suficiente pra eu saber que ele
estava falando sério comigo. "Não quer, você não quer."
"Você
não deveria se importar com isso, sabia?"
"E
você deveria agradecer quem se importa." Me soltou bruscamente e se
afastou alguns passos pra trás. "Vai lá, se torna uma viciada! Você vai
ser vista com outros olhos sim, mas vão te ver com pena ou até nojo, é
frustrante isso, sabia?" Seus olhos traziam raiva e seus lábios estavam
levemente cerrados. "Você não quer isso, é apenas mais uma mimada querendo
diversão, mas essa não é a que procura. Quer usar drogas? Vai pra uma rave ou
pra qualquer esquina que venda e pronto, estará satisfeita."
"Talvez
eu vá pra qualquer esquina mesmo e compre drogas."
"Nossa,
que rebelde."
Estava
pensando em algo pra dizer, mas meu celular vibrou, fazendo eu me desligar e
olhar pro visor, Jake estava me ligando. Disse que estava bem e logo voltaria
pra casa, ele continuou a perguntar onde estava, mas nem eu sabia onde era,
então desliguei.
"Quer
decepcionar seu irmão? Sua família?"
"Você
nem me conhece." Neguei com a cabeça.
"Sei
o suficiente sobre você, todos sabem."
"Se
sabe o que "todos sabem", não sabe nada, eu sou muito mais do se diz
pelos corredores do colégio. Saber o que "todos sabem", não faz com
que me conheça."
"Mas
eu quero conhecer." Suspirou.
Minha
cabeça girou ao ouvir isso, literalmente, olhei pra ele, tentando desvendar
algo em seus lindos olhos, mas eles estavam indecifráveis ao meu entender. Zack
parecia ser uma pessoa durona, mas no fundo devia ser manteiga derretida, era o
que parecia nesse momento. Eu queria beijá-lo, queria mesmo, mas não sei se era
uma boa hora, ele me acharia uma vadia que se joga pra qualquer um. E eu não
queria que achasse isso.
"Bom..."
Levantei as mãos como se fosse dizer algo, mas eu não tinha o que dizer. Ele
percebeu isso.
Uma de
suas mãos foi pra minha nuca, me puxando pra perto, seu polegar fazia
movimentos circulares em minha bochecha. Ele estava tão perto, sentia sua
respiração junta a minha, nossos olhares se encontraram tentando decifrar um ao
outro. Queria seus lábios nos meus, ele parecia me corresponder, mas quando
estávamos à centímetros um do outro, Zack me largou, se afastando. Confesso que
fiquei confusa, ele simplesmente se afasta do nada... Isso não é bom sinal, não
mesmo.
"Eu
não posso te beijar." Ele negou com a cabeça, respondendo minha pergunta
antes mesmo de ela ser feita. "Atração não basta, não quero que se ligue a
mim também."
"Porque?
Porque se esquiva?"
"Eu
não posso te amar, sou incapaz de amar alguém, Jennifer."
"É
claro que você é capaz, dá pra ver nos seus olhos."
"Não
do seu jeito." Sentou com o olhar fixo no chão.
"Qual
seria o meu jeito?" Parei à sua frente.
"Meigo,
um amor pra vida toda, sincero, com um cara que estivesse do teu lado sem que
nada o impedisse, sem que ninguém impedisse... Você não terá isso comigo, eu
sei que não."
"Como
pode ter tanta certeza?" Me abaixei à sua frente, apoiando meus braços em
seus joelhos. "Comecei a prestar atenção em você depois de ter me
"salvado", não acho que seja tão ruim quanto pensa."
Ele
levantou o olhar, me fitando. "É hipocrisia sua achar isso."
"Não
acho que seja."
"Talvez
você só seja um pouco ingênua pra perceber." Sorriu de lado, sem vontade
alguma. "Teu coração é bom, garota, não estraga ele."
Tudo o
que ele estava dizendo batia um peso na minha consciência, não conseguia
esconder que estava incomodada... Queria conhecer mais sobre ele, queria muito
saber, me restava ser amiga dele.
"Nós
podemos ser amigos?"
-
Desse
dia em diante, ficamos amigos, sim só amigos. Ainda estava disposta a mudar
minha vida, estava frequentando mais o apartamento do Diego, já tinha conhecido
alguns outros caras, mas não sabia o nome de nenhum deles. Zack não aprovava
que eu estivesse indo lá e ficava ao meu lado quase toda hora, exceto quando
Diego dava um passa fora nele. Me sentia tão bem ao lado do Zack, brigávamos
constantemente, mas bastavam alguns minutos pra nos olharmos e sorrirmos um pro
outro.
- 12 de julho de 2012 -
Estava
sozinha no apartamento quando Diego chegou trazendo consigo uma mochila.
"Oi."
Disse.
"Jenn,
que surpresa."
Sorri.
"Já não te disse que quero estar aqui, então..."
"Quer
mesmo entrar?" Deixou a mochila no sofá e sentou de frente pra mim.
"Quero."
"Sabe
o que significa? Te disse que uma vez dentro, sempre dentro, lembra?"
"Lembro."
Assenti, sem me importar muito com o que ele dizia.
"Estou
falando sério."
"E
eu também." O encarei, séria.
-
Se eu
tivesse uma mínima noção da merda que estava fazendo, não teria nem pisado lá
naquele dia. Que droga eu tinha na cabeça? Eu era uma trouxa mesmo. Tentei
impressionar o Zack, mostrando que eu podia fazer o que eu quisesse, mas o
máximo que ganhei foi um esporro com direito a gritos e batida de porta. Sim,
foi ridícula e imatura minha decisão e, até hoje, ela custa a minha vida.
{...} Não
sei por quanto tempo eu dormi, ou fiquei desmaiada, mas ao acordar estava num
hospital, tinha uma cânula no meu nariz e vários fios por meu corpo, além de um
balão de soro na minha veia. Rodei o quarto pequeno e sem graça com os olhos,
estava sozinha ali. Nenhum enfermeiro, nem meu irmão, nenhum dos meus amigos e,
muito menos, meus pais... Sim, eu esperava que alguém tivesse se preocupado em
passar a noite comigo, já que estava escuro lá fora eu deduzi ser noite.
Realmente esperava que quando eu acordasse no hospital um dia, alguém estaria
do meu lado, segurando minha mão e dizendo que eu ficaria bem. Pensei em
arrancar todos os fios do meu corpo e sair dali andando, mas assim que me mexi,
uma dor insuportável tomou meu corpo, principalmente uma de minhas pernas,
então desisti e me aquietei. Ao lado da cama tinha um botão vermelho, não
pensei duas vezes e o apertei, precisava ver alguém. Uma enfermeira entrou a
todo o vapor no quarto, abri um sorriso ao vê-la.
"Oi...
Desculpa se eu te assustei, só precisava ver alguém."
"Não
foi nada." Ela sorriu também, aparentava ter uns dois ou três anos a mais
que eu, não mais do que isso. "Que bom que acordou, como se sente?"
"Esse
negócio no meu nariz está me incomodando."
"Podemos
tirá-lo, mas se sentir falta de ar, chame imediatamente." O desligou do
balão de oxigênio e tirou do meu nariz, colocando no suporte. "Está com
dores?"
"Minhas
pernas."
"É
normal, o impacto foi muito forte."
"O
que aconteceu?"
"Não
se lembra?"
Fiz um
esforço, tentando me lembrar de algo, mas nada me vinha. "Não, de nada."
"Me
parece que um carro entrou na contra-mão, você estava em alta velocidade e voou
longe."
"Oh..."
Fechei os olhos por um breve momento. "Alguém esteve aqui comigo?"
"Dois
garotos tem revezado e vi uma garota várias vezes aqui."
"Tem
muito tempo?"
"Uma
semana e meia, quase duas, você esteve em coma moderado por alguns dias pela
batida que sofreu na cabeça."
"Jenn?
Você acordou?" Uma voz familiar perguntou em quase um grito.
Olhei
pra porta e lá estava Harry com um café em mãos, abri um enorme sorriso ao
vê-lo ali.
"Bom,
eu vou deixá-los sozinhos, qualquer coisa é só chamar."
"Ok,
muito obrigada."
A
enfermeira saiu e Harry se aproximou da cama, seus olhos cintilavam junto com
seu sorriso. Ele sentou ao meu lado e deslizou os dedos por meu cabelo.
"Achei
que estava sozinha nessa."
"Não,
não está. Eu nunca te deixaria, você sabe muito bem disso."
"Obrigada,
baby." Sorri. "Sabe que eu te amo, não sabe?"
"Sei,
eu também te amo. Fiquei com um puta medo de te perder quando me disseram que
estava em coma." Acariciou minha bochecha com a costa da mão.
"Que
horas são? Estou com fome."
"Exatamente,
1h. Que novidade estar com fome, né?"
"Fala
sério, eu fiquei quase duas semanas com soro na veia, não posso estar com fome?"
"Desculpa."
Riu. "Quer um pouco de café?" Mostrou seu copo.
"Não,
pode beber, não sei nem se eu posso beber café."
"Quer
que eu busque algo?"
"Fica
de boa, baby, eu estou bem."
"Mesmo?"
Arqueou as sobrancelhas do jeito fofo que ele fazia quando estava preocupado
comigo.
"Mesmo,
pode dormir, já está tarde."
"Agora
que você acordou, eu não vou dormir mesmo."
"Harry
Hudson, dorme, não quero ter que ficar olhando pra alguém com olheiras."
Harry riu e foi pra poltrona no canto do quarto, depois de
acabar seu café ele tentou se ajeitar, mas qualquer posição parecia
desconfortável pra ele.
"Boa
noite, Jenn." Ele disse depois de finalmente parecer encontrar uma.
"Boa
noite, baby."
Até
que a cama do hospital era confortável, o que me incomodava eram os fios que me
impediam movimento e minha perna que ainda doía. Eu parecia acordar de meia em
meia hora com meu estômago roncando alto e se apertando dentro de mim, como
alguém dorme morrendo de fome? Isso estava me matando e, se eu não matasse a
fome, ela iria me matar. Por outro lado, sabia que se eu tocasse a campainha
pra chamar alguém, não iam me dar comida por o hospital ter seus horários e blábláblá. Em meio a ficar pensando em
como eu estava com fome, acabei caindo no sono tão rápido que, se eu estivesse
tentando isso, não conseguiria.
"Bom
dia, senhorita." Uma enfermeira, já de um pouco mais de idade que a do dia
anterior, me cutucou com um sorriso no rosto. "Trouxe seu café, é bom se
alimentar."
Tentei
me espreguiçar e sorri pra ela. "Obrigada, estou morta de fome!"
"Imagino
que esteja. Prefere seu sanduíche do que?" Apontou pra um carrinho.
Optei
por um de peito de peru, a bandeja foi colocada no suporte da cama, me ajeitei
e bebi um gole do suco de laranja à minha frente.
"Qualquer
coisa chame." Ela disse antes de sair pela porta.
"Pode
deixar."
Devorei
tudo o que estava na bandeja em questão de poucos minutos. Seria indelicado
pedir algo a mais, então resolvi esperar até que viessem com a próxima
refeição, no caso o almoço. Harry veio pro meu lado assim que eu acabei.
"Melhor?"
"Bem
melhor." Ri. "Meu estômago estava quase virando um buraco negro que
engoliria todos meus órgãos."
"Dramática
desde sempre."
Dei
língua pra ele. "Quando eu vou vazar daqui?"
"Não
faço ideia, anjo, ainda sente dor?"
"Um
pouco nas pernas."
"E
em outros lugares?"
"Outros
lugares não, a cabeça dói só um pouquinho."
"Pelo
pouco que eu entendo, vai ter que fazer uns exames antes."
"Odeio
exames." Fiz uma careta.
"Eu
sei." Riu de leve. "Mas é necessário, quando Jake chegar eu vou falar
com alguém."
"Pode
ir agora, não me importo de ficar sozinha por uns minutos."
"Vai
ficar bem?"
"Vou
sim."
Ele
beijou minha cabeça e saiu do quarto. Antes mesmo do meu irmão chegar, ele
voltou e confirmou o que havia dito antes, pela tarde, eu teria que fazer
alguns exames, os mesmos diriam se eu teria alta ou não. Jake se impressionou
ao me ver acordada e começou a falar seguidamente sobre vários assuntos.
Primeiro veio a briga por "eu ter provocado o acidente", depois se
lamentou por eu ter entrado em coma e quase ter me perdido e depois foi a vez
de contar as poucas novidades. Nenhuma relevante ou que me fizesse querer estar
fora do hospital pra ter visto.
"Agora
toma muito cuidado pra não sair com essa droga de moto de novo."
"Minha
moto está bem?" Arregalei os olhos.
"Um
pouco amassada." Harry disse. "Nada que uma restauração não cubra."
"Que
bom, eu pagaria bastante pra tê-la igualzinha."
"Que
merda, desapega dessa porra que ele deixou pra você, só te faz mal, retardada."
"Cala
a boca, Jake."
"Estou
falando sério contigo."
"Eu
também, quero que cale a boca."
"Não
vão começar a discussão básica aqui no hospital, não é?" Harry arqueou um
pouco as sobrancelhas.
"Não."
Jake disse antes que eu pudesse responder.
"Harry,
me empresta seu celular? Ou o meu, se ele estiver aqui."
Ele
tirou seu celular do bolso e me entregou. Depois do Jake falar que Hailey
estava super preocupada, tinha que ligar pra ela. Chamou umas quatro vezes, até
ela atender.
-
"Harry?
O que aconteceu? Minha amiga está bem?"
"Oi
pra você também, Hay."
"JENNIFER?
Que tipo de maluca é você que quase me matou do coração?" Sua voz estava
no tom brincalhão, mas sem perder a fofura.
"Me
desculpa, tá? Não foi a intenção, o carro que estava errado."
"Eu
fiquei tão preocupada, com tanto medo, você nem imagina."
"Não
chora, vou acabar chorando também." Disse com uma voz pouca coisa
embargada.
"Não,
não chora." Fungou. "Vou vestir alguma coisa e vou pro hospital."
"Não
precisa, amiga, talvez eu saia daqui hoje."
"Claro
que precisa, quero te ver."
"Ok,
vem, vou estar esperando."
"Já
chego aí, beijo."
"Beijo."
-
Hailey
não conseguiu chegar antes que me mandassem pros exames, estava extremamente
nervosa, queria que tudo desse certo, mas não sabia se podia esperar que desse.
O que mais me incomodou foi ser levada por uma cadeira de rodas, ainda mais por
eu não conseguir colocar o pé no chão, a dor era insuportável. Fiz uma bateria
de exames, checapes completos, diversos exames de sangue e um daqueles que você
entra naquela máquina. De todos, aquele foi o pior. Novamente sentei na
cadeira de rodas e me levaram até o quarto.
"Não
quero deitar ainda, pode me deixar aqui."
"Temos
que ligar os aparelhos, senhorita."
"Não
preciso, estou muito bem."
"Não
complique, por favor."
"5
minutos apenas, pode ser? Que droga, estou cansada de ficar deitada."
"Cuidamos
dela, só 5 minutos."
"5
e nem um minuto a mais, estarei esperando do lado de fora."
Revirei
os olhos assim que a enfermeira saiu.
"Olha
pra você!" Hailey levou as mãos à boca, sem mover um passo pra frente ou
pra trás, seus olhos transbordavam.
"Eu
sei, estou horrível..."
"Não!
Você está viva!" Me abraçou com toda força do mundo, quase me esmagando.
"Achou
o que?" Ri. "Que estava falando com alma penada no telefone?"
"Na
verdade, achei que estava sonhando."
"Não
estava, estou aqui vivinha."
Novamente
ela me abraçou, Harry e Jake conversavam algo no canto do quarto, pensando que
eu não iria prestar atenção, se fosse pra esconder algo conversassem do lado de
fora. A enfermeira voltou, creio que cinco minutos depois mesmo, e me ajudou a
ir pra cama, a dor ainda era insuportável, tive que me controlar pra não
choramingar. Uma outra enfermeira trouxe um copinho branco com alguns
comprimidos dentro, três médios e um pequeno e um outro copo com água, tomei os
comprimidos e me ajeitei na cama. Harry teve que ir pra casa, ele disse que
precisava de um banho, Hailey iria começar hoje a trabalhar numa loja de roupas
meio famosa por aqui e não podia se atrasar. Ficamos apenas eu e meu irmão, que
sorria quando o olhar cruzava o meu, mas não era um sorriso tipo que-bom-que-está-aqui, estava mais pra estou-escondendo-algo-de-você.
"Tá
legal... Fala logo." Encarei ele.
"Falar
o que?"
"O
que estava falando com o Harry que, supostamente, eu não podia ouvir."
"Estava
dizendo pra ele ir pra casa, apenas isso."
"Não
era só isso, me fala ou vai ser pior quando eu descobrir."
"Não
tenho nada pra te falar, larga de besteira."
"Fala,
Thrupp."
"Diego."
Suspirou.
"O
que tem ele?"
"Esteve
passando lá em casa a maioria desses dias, não pode deixar que isso continue,
assim que se recuperar, mande ele parar com isso ou vai rolar briga, como já
teve antes."
Suspirei,
lembrando da briga que já havia rolado entre eles, estava de sob aviso, Jake
não podia mais se meter com eles, com nenhum deles. "Vou falar com ele.
Alguém esteve aqui?"
"Não
exatamente."
"Como
assim?"
"Quem
esteve não subiu, só deixei autorização pra mim, Harry e Hailey."
"A
Jullie veio, não veio?" Saquei antes mesmo de ele cogitar entrar no
assunto, mesmo eu sabendo que ele não o faria.
"Como
eu disse, a autorização não foi pra mais ninguém."
"Não
acredito que proibiu minha amiga de me ver! Eu pago o pato pelo término de
vocês? Ah, vai tomar no cu, Jake."
"Você
sabe muito bem que não é isso, então fica na sua de boa."
"Sai
daqui, está me estressando."
"Você
é chata, mano."
"Sou
sua irmã." Sorri irônica.
"Além
de chata, é besta."
Ficamos discutindo, como sempre, até o médico vir pro meu
quarto com uma prancheta na mão.
"Bom
dia, quase boa tarde, senhorita Thrupp."
"Bom
dia."
"Como
se sente?"
"Quero
ir pra casa."
"Os
resultados dos exames saem essa tarde."
"Acha
que está tudo bem?" Jake perguntou.
"Eu
não posso falar nada agora, só depois dos exames." Checou o medidor de
batimentos e anotou na ficha. "Quais suas dores?"
"Nas
pernas, está doendo pra caralho."
"Isso
não é bom, mas é um tanto quanto normal, a pancada foi muito forte. Pode descer
pra fazer fisioterapia pra melhorar."
"Fisioterapia?
Não estou aleijada."
"Sei
que não está, mas vai amenizar."
"Jennifer,
seja educada."
"Você
não manda em mim."
O
médico riu, me senti besta com isso, mas deixei passar. Queria ver os
resultados dos exames logo, queria sair daqui, queria muito. Desci pra
fisioterapia depois de uns 10 minutos, aqueles equipamentos me davam medo,
parecia que eu não conseguia mais andar... Mas conforme fui exercitando minhas
pernas, a dor foi sendo conformada e aceitada por meu corpo, ainda doía
bastante, porém já estava suportável. Depois do almoço pensei que viria minha
resposta, mas as horas foram se passando e nada...
"Jake,
quero ir embora, já estou bem."
"Não
é você quem decide isso."
"Mas
eu sei que estou bem! Olha pra mim, não falta nenhum pedaço."
"Claro
que falta, no seu cérebro falta um pedaço."
"Não
volta no assunto." Pensei em algo pra mudar de assunto. "Nossos pais
sabem do acidente?"
"Eu
ligue pra avisar."
"E
nenhum deles mexeu uma palha, já sabia..."
"Eles
estão preocupados com você."
"Claro
que não! Se estivem mesmo, estariam aqui. Que pais deixam seus filhos no
hospital e não ficam esperando por notícias?" Meus olhos se encheram de
lágrimas, mesmo contra minha vontade, tratei de olhar pra cima pra que não
caísse no choro.
"Jenn,
você sabe que é difícil pra eles." Segurou minha mão. "Mas eles te
amam, estão torcendo por você, rezando toda hora..."
"Eles
desistiram de mim, não me querem por perto, essa é a única verdade."
"Não!
Eles são seus pais, não importa o que aconteça. Pais não desistem."
"Já
me conformei." Funguei pra impedir as lágrimas. "Mas obrigada."
"Eu
amo você, mesmo assim toda errada." Sorriu e beijou minha testa.
"Amo
você." Sorri também.
Fui
pra casa apenas no outro dia lá pelas 10h, mas ainda teria que vir fazer alguns
exames. Jake dirigiu até em casa e me acompanhou até meu quarto.
"Vou
preparar algo pra você comer."
"Quero
comida chinesa."
"Menos
trabalho pra mim." Riu pelo nariz. "Vou pedir."
"Onde
está meu celular?"
Ele
abriu a gaveta da cômoda e me entregou, saindo do quarto depois, liguei-o, pelo
menos tinham colocado pra carregar, pensei comigo. Deslizei pela agenda até
chegar no número da Jullie, nem chamou, foi logo pra caixa postal, liguei mais
duas vezes e deu na mesma coisa, então desisti. Abri minha caixa de mensagens e
várias mensagens do Harry e da Hailey a tomavam, tudo com coisas do tipo "quando você ler isso, saiba que estava
rezando por você no momento" ou "queria
que estivesse aqui", eles eram os melhores amigos que alguém podia
ter, mesmo eu às vezes pedindo pra que parassem com a melação, eles sabiam que
eu gostava de ser tratada assim e não me ouviam. Eles eram os únicos amigos da
escola que tinham me sobrado, fora a Stella, irmã da Hailey, mas ela não era
muito confiável, tínhamos brigado muito antes de virarmos "amigas". A
única parte boa da minha vida agora era saber que eu podia contar com eles e
com meu irmão pra o que quer que fosse e independentemente do que acontecesse.
Jake trouxe a comida pro quarto assim que chegou e sentou ao
meu lado na cama pra comermos juntos, conversamos um pouco, mas não muito, já
que minha cabeça estava doendo um pouco.
"Vou
te deixar descansar." Recolheu os pratos. "Qualquer coisa me chama,
vou estar lá embaixo." Beijou minha testa.
"Pode
ir fazer suas coisas, eu estou bem." Sorri.
"Não
vou te deixar sozinha, nem que não queira que eu fique aqui."
Não
chegava ao fim daquela tarde quando meu celular deu sinal de vida, infelizmente
com o nome do Diego aparecendo na tela.
-
"Alô?"
"Fiquei
sabendo que está em casa, como a princesinha se sente?"
"Como
ficou sabendo? Estava me espionando por acaso?"
"Tenho
informantes, você sabe bem disso."
"Ah,
e não tinha necessidade de ficar passando na minha casa, eu já te pedi pra que
não faça isso."
"Não
queria que me enrolasse."
"Não
estou te enrolando, estou deitada na minha cama com uma puta dor nas pernas, eu
vou ficar de repouso até eu achar necessário, antes que diga algo."
"Não
vou dizer o contrário, fique em casa até se sentir melhor."
"Não
passe aqui, por favor, já te disse que meu irmão não gosta, se quiser saber de
mim, me liga."
"Tudo
bem, eu ligo."
"Obrigada,
agora eu vou descansar um pouco esses remédios dão muito sono."
"Melhoras,
Jennifer."
-
Fiquei
raciocinando por alguns segundos em se eu tinha falado com o Diego certo,
estava muito simpático pra ser ele mesmo... Mas era apenas um momento raro que
ocorria de dois em dois meses, talvez mais tempo até. Pelo menos tinha
conseguido meus dias em casa, nem a pau eu sairia dessa cama pra rua nesse
estado, a dor ainda não tinha amenizado e eu teria de ir pro hospital três
vezes por semana pra fisioterapia. Jake passou o dia vindo de meia em meia hora
pra ver se eu estava bem ou se precisava de alguma coisa.
"Amanhã
você vai trabalhar, nada de ficar perdendo dia de trabalho pra cuidar de
mim." Disse na ultima vez que ele entrou.
"Não
pode ficar aqui sozinha."
"Posso
ficar com o Harry, ele não faz nada da vida, só vai pra faculdade de noite."
"Vou
falar com ele depois, se ele não aceitar, eu falo com meu chefe e tudo mais,
ele me deixou ficar nesses dias só meio período na loja sem descontar."
"Harry
vai aceitar, nos divertimos juntos."
"Ah,
e comigo não se diverte?" Arqueou as sobrancelhas.
"Você
entendeu, besta." Dei língua pra ele. "Que dias vai ser a
fisioterapia?"
"Segunda,
quarta e sexta, tá bom pra você?"
"Sim,
tem hora?"
"Das
09h30 ao 12h."
"Tudo
isso? Sério, eu não estou sem movimentos, não precisa de tanto."
"Precisa
do suficiente pra você ficar inteira logo."
"Que
eu saiba, eu estou inteira como sempre estive."
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oioioi, eai pessoal, já deu pra entender mais ou menos? O que vocês estão achando? Acharam o Zack fofo, não é? hahahha O que acham que vai rolar ou o que acham que já rolou no passado? NÃO ESQUEÇAM DE COMENTAR, POR FAVOR, É REALMENTE MUITO IMPORTANTE PRA MIM, GOSTO MUITO DE INTERAGIR COM MINHAS LEITORAS E TAL! DEIXEM OS USERS DE VOCÊS PRA QUE EU POSSA AVISAR DOS NOVOS CAPÍTULOS OU, SE TIVEREM VERGONHA DE SE IDENTIFICAREM, PODEM DEIXAR UM SIMPLES "CONTINUA" EM ANÔNIMO, ACREDITEM, JÁ VAI ME DEIXAR FELIZ PAKSPKAPKAPSK ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDO, COMENTEEEM! BJÃO <3

Zack tão fofo, queria que tivesse rolado beijo hauhauhahau
ResponderExcluire esse acidente? foi tipo uau, e esse Diego, sei não em
continua logoooo bjj @paradiseiggy
Awwwwwwwn Harry <33333333 voce deve estar super feliz de escrever sobre ele né?! Ele é um fofo <3 o zack tambem, acho que to apaixonada por essa fic tbm shakvdkqvsbqvq
ResponderExcluircontinuaaaa
@crashwithcody
O Zack ta fofo mdssss ahhh e esse acidente?? Gzuis quero logo a continuação, e o jake? Eu já era apx por ele, agr ele cuidando dela? Awwwwwwwww mais fofo impossível, enfim continua bj @CodyMania
ResponderExcluirAwn que perfeito manu continua por favor :) nossa esse acidente torama que ela ficar bem logo , e o zack o aconteceu com ele depois do acidente dela??? To curiosa manu :) @paolas2_
ResponderExcluirMANUUUU TA PERFEITO PLMDD CONTIBUE ISSO LOGO DESCOLPA A DEMORA PRA COMENTAR TAVA TENDO PROBLEMAS COM ISSO MAIS ACHO Q AGR VOLTOU AO NORMAL EU ACHO AHHH ZACK É UM FOFO QUERO MAIS AMIGA BJSSS @heysimpson143
ResponderExcluir